Novo primeiro-ministro do Japão marca eleições para o final do mês
Kishida foi formalmente eleito chefe do Governo pelo Parlamento e antecipou a data das legislativas para aproveitar a subida do LDP nas sondagens.
Menos de uma semana depois de ter vencido a corrida à liderança do Partido Liberal Democrático (LDP), Fumio Kishida foi formalmente eleito nesta segunda-feira pelo Parlamento como primeiro-ministro do Japão.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Menos de uma semana depois de ter vencido a corrida à liderança do Partido Liberal Democrático (LDP), Fumio Kishida foi formalmente eleito nesta segunda-feira pelo Parlamento como primeiro-ministro do Japão.
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros não está, no entanto, disposto a esperar até Novembro para encabeçar o partido liberal – no poder – nas legislativas previstas para o fim desse mês e decidiu antecipar o acto eleitoral para o dia 31 de Outubro.
O anúncio da marcação das eleições para o final de Outubro e da dissolução da câmara baixa do Diet (Parlamento) no dia 14 foi feito em conferência de imprensa, horas depois de ter sido confirmado como chefe do Governo japonês.
“Kishida não quer mesmo perder tempo. [A realização de eleições a] 31 de Outubro põe a oposição sob pressão, tira vantagem de uma lua-de-mel [do LDP] nas sondagens e perspectiva melhores hipóteses de haver números reduzidos [de casos de covid-19]”, explica Tobias Harris, do instituto Center for American Progress, citado pela Reuters.
O 100.º primeiro-ministro da História do Japão substitui Yoshihide Suga no cargo e não quer cometer os mesmos erros. Depois de ter sido eleito, no ano passado, para o lugar de Shinzo Abe – o primeiro-ministro durante oito anos que saiu de cena por motivos de saúde –, Suga agarrou-se ao bom momento do LDP e dele próprio nas sondagens, e optou por não marcar eleições.
A má avaliação da opinião pública à sua gestão da pandemia de covid-19 no país – e particularmente à “quinta vaga” de infecções, que ocorreu durante e depois dos Jogos Olímpicos do Tóquio – fez cair a pique a taxa de aprovação de Suga que, por isso mesmo, acabou por anunciar no início de Setembro que não iria candidatar-se de novo à liderança dos conservadores.
A redução do número diário de novos casos de covid-19 e o levantamento, na semana passada, do estado de emergência que vigorava há seis meses no país, contribuíram para nova subida do LDP nas intenções de voto, e Kishida quer aproveitar o embalo para vencer as eleições, com maioria, antes que o efeito se desvaneça.
O novo primeiro-ministro foi eleito presidente do LDP na semana passada, contando com o apoio do establishment do partido e da facção mais próxima de Shinzo Abe. Derrotou, por isso, o favorito e muito popular Taro Kono, ex-ministro das vacinas do Japão.
O novo Governo tem, aliás, vários aliados de Abe e do ex-ministro das Finanças, Taro Aso, como Shunichi Suzuki (Finanças), Nobuo Kishi (Defesa) – irmão de Abe –, Toshimitsu Motegi (Negócios Estrangeiros) ou Koichi Hagiuda (Comércio e Indústria).