Sarkozy condenado a um ano de prisão por financiamento ilegal de campanha

É a segunda condenação do antigo Presidente francês este ano. Sentença será cumprida em regime de vigilância electrónica.

Foto
Sarkozy foi Presidente entre 2007 e 2012 Reuters/PASCAL ROSSIGNOL

Seis meses depois de ter sido considerado culpado de corrupção e tráfico de influência, o antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado, esta quinta-feira, por financiamento ilegal da campanha eleitoral de 2012, em que foi derrotado por François Hollande. Os juízes condenaram Sarkozy a um ano de prisão, mas decidiram que “a sentença será executada no regime de vigilância electrónica”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Seis meses depois de ter sido considerado culpado de corrupção e tráfico de influência, o antigo Presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado, esta quinta-feira, por financiamento ilegal da campanha eleitoral de 2012, em que foi derrotado por François Hollande. Os juízes condenaram Sarkozy a um ano de prisão, mas decidiram que “a sentença será executada no regime de vigilância electrónica”.

A acusação tinha pedido um ano de prisão, incluindo seis meses de pena suspensa, para o antigo Presidente de 66 anos, para além de uma multa de 3750 euros. Sarkozy pode ainda recorrer da sentença.

Neste processo, Sarkozy estava acusado de gastar quase o dobro do valor legal máximo de 22,5 milhões de euros na campanha para a reeleição, que perdeu para o socialista François Hollande. Parte do dinheiro foi usado para financiar comícios descritos como extravagantes e, em seguida, contratar a agência de relações públicas Bygmalion para mascarar o seu custo real.

“O tribunal considerou que o valor excedente [das contas da campanha] foi de 16.247.509 euros” e que "Nicolas Sarkozy sabia o valor das contas da campanha”, tendo até sido avisado por duas vezes dos riscos de ultrapassar os valores permitidos pela lei. “E continuou com os comícios nas mesmas condições”, afirmou a juíza presidente, Caroline Viguier.

Enquanto o ex-Presidente estava acusado de financiamento ilegal de campanha, outros réus foram condenados ainda por participarem no esquema de facturas falsas montado para esconder os custos. 

É a segunda condenação este ano para Sarkozy, que foi Presidente de França entre 2007 e 2012 e ainda tem influência sobre um eleitorado conservador apesar da sua queda em desgraça nos anos mais recentes.

Em Março, Sarkozy foi condenado a três anos de prisão (incluindo um de prisão efectiva) por corrupção e tráfico de influência num caso de escutas: segundo o Tribunal Nacional Financeiro, um “pacto de corrupção” foi estabelecido pelo então Presidente francês, o seu advogado, Thierry Herzog, e um juiz do Tribunal de Cassação (a mais alta instância do sistema judicial francês), Gilbert Azibert, para que Sarkozy pudesse obter informações confidenciais no âmbito da investigação do caso Bettencourt, que envolve pagamentos da herdeira multimilionária Liliane Bettencourt, dona da L’Oréal, a membros do Governo para financiar a campanha eleitoral de Sarkozy em 2007. 

Também neste processo Sarkozy recorreu e, se a pena não for agravada, poderá ser cumprida em casa com pulseira electrónica. 

Com a sentença de Março, Sarkozy tornou-se no primeiro ex-Presidente da história moderna francesa condenado a prisão efectiva e no segundo a ser condenado em tribunal, depois da condenação de Jacques Chirac, falecido em 2019, por desvio de fundos públicos, em 2011.

Estes são apenas dois de 12 processos judiciais que envolveram Sarkozy nos últimos anos: alguns já foram arquivados mas outros ainda estão em fase de investigação, como o suposto financiamento líbio da campanha de 2007