França fecha contrato de venda de armamento com a República Checa

Venda de sistemas de artilharia no valor de 257 milhões de euros foi anunciada um dia depois de pacto de cooperação militar com a Grécia.

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Macron tem anunciado vários contratos no sector da defesa GONZALO FUENTES / Reuters

Um dia depois do anúncio de um contrato de venda de navios militares à Grécia, a França disse esta quarta-feira que vai vender armamento à República Checa.

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Um dia depois do anúncio de um contrato de venda de navios militares à Grécia, a França disse esta quarta-feira que vai vender armamento à República Checa.

Paris fechou contrato para a venda de 52 sistemas de artilharia do modelo Caesar, fabricados pelo Nexter Group, num negócio avaliado em 257 milhões de euros, de acordo com um responsável do Ministério das Forças Armadas francês, citado pela Reuters.

O contrato “surge na sequência de um período de reaproximação com a República Checa marcado pelo nível estratégico, mas também por uma visão mais nítida daquilo que a política de defesa europeia deve ser e nos deve trazer”, disse o mesmo responsável. A ministra das Forças Armadas, Florence Parly, desloca-se a Praga na quinta-feira para assinar o contrato.

O anúncio sinaliza o recente empenho de França em promover a sua indústria de defesa, sobretudo após o recente cancelamento do contrato de venda de submarinos à Austrália. Na véspera, o Presidente Emmanuel Macron tinha recebido o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, em Paris para formalizarem um pacto de defesa entre os dois países. O acordo inclui a compra pela Grécia de navios franceses no valor de três mil milhões de euros nos próximos anos.

A crise aberta pelo anúncio do pacto de cooperação entre a Austrália, os EUA e o Reino Unido no Indo-Pacífico veio relançar o debate sobre o aprofundamento da segurança europeia. Paris sentiu-se particularmente atingida pela formação dessa aliança, conhecida como AUKUS, acusando os três países de traição por terem agido sem consultar os restantes parceiros da NATO.

Na quarta-feira, Macron voltou a referir a necessidade de a União Europeia investir na defesa do continente sem depender em exclusivo do apoio norte-americano. “Estamos a ser pressionados por outros países que, por vezes, assumem uma postura mais severa”, disse o Presidente francês sem, porém, nomear directamente os membros do AUKUS.

“Precisamos de reagir e mostrar que temos capacidade para nos defendermos”, acrescentou Macron.

O cancelamento do contrato com a Austrália deixou as relações diplomáticas de França com os três países em péssimas condições. Em Outubro, Macron vai encontrar-se pessoalmente com o Presidente dos EUA, Joe Biden, para discutir o tema.