Marlene Monteiro Freitas e Leonor Antunes no Festival de Outono em Paris

Festival de Outono em Paris, lançado em 1972, decorre até 18 Fevereiro de 2022.

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"Mal — Embriaguez Divina", de Marlene Monteiro de Freitas PETER HÖNNEMAN

A coreógrafa e bailarina Marlene Monteiro Freitas e a artista visual Leonor Antunes participam no Festival de Outono em Paris, que decorre até 18 Fevereiro de 2022, em 50.ª edição, em dezenas de espaços culturais da capital francesa.

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A coreógrafa e bailarina Marlene Monteiro Freitas e a artista visual Leonor Antunes participam no Festival de Outono em Paris, que decorre até 18 Fevereiro de 2022, em 50.ª edição, em dezenas de espaços culturais da capital francesa.

Mal - Embriaguez Divina, de Marlene Monteiro Freitas, estreado no ano passado em Lisboa e no Porto (e também em Hamburgo), será apresentado entre 3 e 13 de Novembro, no Centre Pompidou, e no Teatro de Montreuil - Centro Dramático Nacional.

O título desta criação da coreógrafa cabo-verdiana mas radicada em Lisboa desde a década de 1990 — baseado na obra La littérature et le mal (A Literatura e o mal), do filósofo e ensaísta francês George Bataille — faz múltiplas referências à ambivalência do mal, que pode significar mal-estar, desconforto, dor, sofrimento, agonia, tristeza, tormento, carência, horror, mas também o mal em si mesmo.

A coreógrafa — que tem sido considerada pela crítica de dança como uma das vozes mais originais da actualidade, galardoada com o Leão de Prata da Bienal de Veneza, em 2018 — cria mundos poéticos e inspira-se em motivos mitológicos, ao mesmo tempo que brinca com referências da alta cultura e da cultura pop.

Leonor Antunes tem, por sua vez, desde 18 de Setembro, uma exposição patente na capela da Escola de Belas Artes de Paris e na Maison André Bloc de Meudon, no âmbito da programação do festival, onde exibe um conjunto inédito de esculturas em cerâmica, inspiradas noutras mulheres criadoras, nomeadamente designers, arquitectas e artistas plásticas que marcaram a história do século XX.

Na capela, as peças da artista portuguesa, suspensas e em diálogo com as peças do templo, remetem para os trabalhos de diversas destas figuras, desde a japonesa Michiko Yamawaki, que estudou na Bauhaus, escola de arte vanguardista da Alemanha (1930-1932), e Charlotte Perriand, a propósito das criadas durante o tempo que passou no Japão. Intitulada The homemaker and her domain, a exposição da artista, que representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 2019, estará patente até 28 de Novembro, no quadro da secção de artes plásticas do festival.

Além destas duas criadoras lusófonas, também o dramaturgo e encenador Tiago Rodrigues passou pelo festival, na última semana, para levar ao palco a performance Échelle Humaine - By Heart, na qual o criador convida dez espectadores a subir ao palco para tentar memorizar com ele excertos de textos e citações de William Shakespeare, Ray Bradbury, George Steiner e Joseph Brodsky.

De carácter multidisciplinar e internacional, o Festival de Outono de Paris, lançado em 1972, procura acompanhar a produção das obras dos artistas, além de as exibir, dando lugar a espectáculos de performance, música, cinema, artes plásticas, e nesta edição dos 50 anos foca-se sobretudo no teatro e na dança.

Ainda do mundo lusófono, estarão presentes vários artistas brasileiros: Gabriela Carneiro da Cunha, com a performance Altamira, e, na dança, Marcela Levi e Lucia Russo, com Let it burn, Lia Rodrigues com Encantado e Exercice M, de mouvement et Maré, Thiago Granato levará The Sound They Make When No One Listens, Renata Carvalho apresenta Manifesto Transpofágico, Cristina Moura leva Ägô, Marcelo Evelin, AI, AI, AI, Luiz de Abreu e Calixto Neto apresentam O Samba do Crioulo Doido, e Volmir Cordeiro mostra Métropole.

No festival, vão marcar ainda presença nomes conceituados da dança, como Anne Teresa de Keersmaeker, com a coreografia Drumming Live, e Jerôme Bel, para a estreia de Xiao Ke, com espectáculos entre Outubro e Dezembro.