Suíços aprovam casamento entre pessoas do mesmo sexo em referendo
Os direitos dos casais do mesmo sexo vão agora alargar-se à adopção, a uma possível facilitação do processo de aquisição de cidadania para os parceiro de cidadãos suíços e os casais lésbicos podem vir a recorrer à doação de esperma.
Os suíços foram este domingo às urnas para decidir sobre a legalidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Segundo uma projecção realizada depois do referendo nacional, a maioria dos suíços votou a favor.
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Os suíços foram este domingo às urnas para decidir sobre a legalidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Segundo uma projecção realizada depois do referendo nacional, a maioria dos suíços votou a favor.
Segundo a projecção, realizada pelo instituto de sondagens GFS Bern para a emissora pública suíça SRF, 64% dos eleitores votou a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Os resultados finais deverão saber-se até ao final do dia.
As sondagens anteriores ao referendo já indicavam que uma larga maioria de pessoas estava a favor da legalização. Também o Parlamento suíço e o conselho federal governativo apoiaram a medida “Casamento para Todos”. A lei já tinha sido aprovada pelos eleitos, mas os nacionalistas do Partido Popular Suíço (SVP) reuniram assinaturas para convocar um referendo.
“Estamos muito contentes e aliviados”, disse Antonia Hauswirth, do comité nacional do “Casamento para Todos”.
Em alguns aspectos, os casais juntos por união civil – permitida desde 2007 – já têm os mesmos direitos que os casados. Por exemplo, podem escolher um nome comum e receber uma parte da herança ou pensão de aposentação do parceiro. E desde 2018 podem adoptar o filho do parceiro.
Agora, esses direitos estendem-se à adopção e a uma possível facilitação do processo de aquisição de cidadania dos parceiros de cidadãos suíços. No caso dos casais lésbicos pode ser-lhes permitido recorrer à doação de esperma, cujo acesso é permitido apenas aos casais heterossexuais.
A Suíça, com uma população de 8,5 milhões de pessoas, é tradicionalmente conservadora (só alargou o direito de voto a todas as mulheres em 1990, por exemplo). Para os opositores, a medida põe em causa o modelo de família resultante da união entre um homem e uma mulher.
Monika Rüegger, do SVP, membro do comité do referendo “Não ao Casamento para Todos”, disse estar desapontada. “Isto não é sobre amor e sentimentos, é sobre o bem-estar das crianças. As crianças e os pais são os perdedores aqui”, continuou.
A campanha foi marcada por trocas de acusações, com os dois lados a condenar a destruição de pósteres, reclamações a inundarem as linhas de apoio LGBTQ+, emails hostis e insultos contra os defensores da medida.
Numa outra proposta em votação, as projecções mostram que 66% dos eleitores suíços são contra o aumento dos impostos sobre os retornos de investimentos e capitais. A proposta visava colmatar as disparidades na distribuição da riqueza.