Votar pela primeira vez mas “saber mais de política” do que os pais

Hanne Hansen, 21 anos, fez muito trabalho de casa para decidir o seu voto neste domingo.

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Manifestação pelo clima em Berlim: o tema mobiliza muitos jovens politicamente CHRISTIAN MANG/REuters

Hanne Hansen, 21 anos, faz parte da “geração Merkel”, uma geração que não se lembra de mais ninguém a ocupar a chancelaria do país. Era muito pequena quando, há 16 anos, Merkel assumiu a liderança da Alemanha, e de qualquer modo não ligava muito a política.

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Hanne Hansen, 21 anos, faz parte da “geração Merkel”, uma geração que não se lembra de mais ninguém a ocupar a chancelaria do país. Era muito pequena quando, há 16 anos, Merkel assumiu a liderança da Alemanha, e de qualquer modo não ligava muito a política.

Isso mudou quando deixou a sua aldeia na Baviera e veio viver para Berlim. “Lá não havia faixas nas janelas a lutar por habitação, ou pelo clima, ou pelo que fosse”, diz. “Não havia manifestações, como aqui, que há todas as semanas.”

Hansen começou a interessar-se e foi a primeira vez a uma manifestação contra o aquecimento global, começou a ter conversas sobre política com amigos, com o namorado, que é muito activo politicamente.

Hanne Hansen quer votar conscientemente nas eleições deste domingo na Alemanha e por isso está a “estudar” os programas e a usar uma app em que se podem também ver as posições de voto dos partidos no Parlamento. “Sinto que é uma obrigação fazer isto.”

Está indecisa entre dois partidos, Die Linke (A Esquerda) e os Verdes.

O primeiro explica-se muito pela sua situação profissional: trabalha em cuidados a idosos numa unidade de gerontopsiquiatria (num hospital público-privado), e por isso a situação dos cuidados a idosos, com cortes de pessoal, toca-a muito. Antes, os idosos na unidade eram passeados todos os dias, isso já não acontece por falta de pessoal. As refeições são de qualidade duvidosa: o pão vinha de uma padaria que fechou por não ter condições de higiene. “Coisas destas.”

A sua unidade queria fazer greve por melhores condições de trabalho, conta. Não puderam porque são tão poucos que, se um fizesse greve, não cumpririam os mínimos.

Por outro lado, o clima é uma questão de emergência activa, diz. E afecta tudo o resto. Essa é aliás a sua maior crítica à chanceler, Angela Merkel: “Quando houve Fukushima, fizemos qualquer coisa [decidir a saída da energia nuclear]. Mas tivemos incêndios terríveis, cheias terríveis… e não fazemos nada?”

Hanne Hansen acha que há razão para dizer que a questão do clima divide gerações: “Os meus pais sabem em que partido votar, mas eu sei mais do que eles sobre vários temas políticos, clima e não só. Os mais velhos não querem assim tanto saber”, nota, acrescentando que isto lhe parece transversal: “As minhas amigas dizem o mesmo.”