Tropas ruandesas “não vão ficar para sempre” em Cabo Delgado, diz Presidente do Ruanda
Chefe de Estado ruandês afirmou que “a necessidade de permanecermos” será avaliada consoante os progressos. Apesar das conquistas militares, Filipe Nyusi pediu à população para estar vigilante, uma vez que “os terroristas estão em fuga” e podem refugiar-se “noutras zonas”.
O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, lembrou este sábado que as tropas ruandesas não vão permanecer para sempre na província de Cabo Delgado, onde os militares combatem a insurreição jihadista desde Julho. Por sua vez, o homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, advertiu que não é ainda o momento para celebrar a vitória contra o terrorismo, porque é necessário consolidar os ganhos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O Presidente do Ruanda, Paul Kagame, lembrou este sábado que as tropas ruandesas não vão permanecer para sempre na província de Cabo Delgado, onde os militares combatem a insurreição jihadista desde Julho. Por sua vez, o homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, advertiu que não é ainda o momento para celebrar a vitória contra o terrorismo, porque é necessário consolidar os ganhos.
“Não podemos ficar aqui para sempre, uma vez que os problemas também não vão durar para sempre”, disse o Presidente ruandês numa conferência de imprensa em Pemba, capital da província de Cabo Delgado. “A cada passo avaliamos o que é preciso fazer. A necessidade de permanecermos e durante quanto tempo será uma decisão natural conforme forem sendo feitos progressos”, continuou.
O Presidente ruandês foi o convidado de honra das comemorações celebrações do Dia das Forças Armadas de Defesa moçambicanas. Ainda na sexta-feira, à chegada, reiterou a vontade de continuar a trabalhar com Moçambique. Confirmou também a nova tarefa da força ruandesa de “continuar a construir e proteger” a região moçambicana para permitir a sua “reconstrução e regresso das populações”.
Filipe Nyusi, por sua vez, disse em tom cauteloso que não é o momento para festejar. “Nunca tínhamos estado numa guerra contra o terrorismo. É uma guerra nova, da qual estamos a aprender”, citou o diário moçambicano O País. Com o apoio internacional, “o que temos estado a fazer é, em simultâneo, ir capacitando as FADM [Forças Armadas moçambicanas]”.
A insurreição, que aterrorizar a província do Norte desde 2017, já provocou mais de 3100 mortes, de acordo com o projecto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas. Provocou ainda a interrupção do empreendimento de exploração de gás natural liderado pela Total.
Para combater os jihadistas, cerca de mil militares ruandeses foram destacados para Cabo Delgado em Julho, numa missão inicialmente prevista para durar três meses. Além do Ruanda, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) também enviaram um destacamento militar para a província.
A presença das forças estrangeiras resultou na reconquista de Mocímboa da Praia, ocupada pelos combatentes durante um ano, até Agosto. Desde então, têm vindo a conquistar terreno aos rebeldes.
Ainda assim, o chefe de Estado moçambicano referiu que as autoridades têm “estado a aconselhar as populações para tomarem a decisão de regresso à zona de origem só quando for devidamente recomendado”. Filipe Nyusi pediu ainda à população para estar vigilante, uma vez que “os terroristas estão em fuga” e podem refugiar-se “noutras zonas”.