João Ferreira na freguesia do Fábio: “A sorte é bem-vinda mas precisamos de votos”
O candidato da CDU é bem recebido na única freguesia comunista de Lisboa, mas uma coisa é a junta e outra é a câmara: convencer os indecisos de que Lisboa pode ser como Carnide nem sempre é fácil.
O prato do dia no restaurante Golodisse é entrecosto frito com arroz de feijão e para entrada há João Ferreira. “E a nossa esquadra?”, quer saber uma mulher que se abeira do balcão cheio de pastéis de nata. A pergunta calha bem ao candidato comunista, que logo encarrila: “Batemo-nos na câmara para que assumisse uma postura de exigência de reabertura da esquadra. Mas o PS não tem estado disponível.”
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O prato do dia no restaurante Golodisse é entrecosto frito com arroz de feijão e para entrada há João Ferreira. “E a nossa esquadra?”, quer saber uma mulher que se abeira do balcão cheio de pastéis de nata. A pergunta calha bem ao candidato comunista, que logo encarrila: “Batemo-nos na câmara para que assumisse uma postura de exigência de reabertura da esquadra. Mas o PS não tem estado disponível.”
Na Quinta da Luz, em Carnide, é como se o cabeça-de-lista da CDU à Câmara de Lisboa estivesse em casa. Ajuda ter por perto Fábio Sousa, o presidente da junta, que se recandidata a um terceiro mandato e parece conhecer pelo nome todos os que se encontram nas esplanadas a meio da manhã. Ao verem-no, muitos garantem imediatamente que é nele que vão votar. João Ferreira tem de se esforçar mais um bocadinho.
“Se reconhecem o bom trabalho da CDU aqui na junta porque não dar-nos a possibilidade de fazer igual na câmara?”, repete várias vezes perante interlocutores que se mostram indecisos.
Carnide é actualmente a única junta comunista de Lisboa e o candidato à câmara aponta a freguesia como exemplo do que poderia ser a cidade. A uma mulher que se queixa de uma árvore que lhe faz sombra em casa, Ferreira responde: “Eu não tenho a sorte de morar em Carnide e as folhas caem e andam para lá a voar.” Quando a crítica é ao trabalho da junta, que não limpa as sarjetas antes das chuvas, o candidato aponta baterias à câmara, que fez a descentralização de competências “sem os meios adequados”.
Acompanhados por dois tocadores de gaita-de-foles e tambor que debitam Lisboa, Menina e Moça e a Carvalhesa, os candidatos demoram-se em cada mesa das esplanadas. “Vou votar pela primeira vez em si, está na hora de ter mais força. Só espero é que não desista”, pede um homem. “Nós não somos do tipo de desistir”, responde Ferreira.
Há ossos mais duros de roer. “Pela primeira vez vou-me abster. Estou farta. Temos visto muita coisa má na esquerda, muita demagogia”, afirma uma mulher. “Não diga ‘esquerda’, dê o nome às coisas. Quem está na câmara é uma maioria do PS e do BE”, replica João Ferreira. “Então e não são esquerda?”, contrapõe ela. “Mas não são a única esquerda!”, remata Leonor Moniz Pereira, candidata à assembleia municipal.
Mais à frente, uma mulher declara: “Eu vou votar no Medina para o Moedas não ganhar.” E o candidato comunista, a quem este discurso não convém nada, não perde tempo: “Está mais do que demonstrado de que dali não vem perigo nenhum. A solução não é andar para trás, mas também não é ficarmos parados. Já lá vão 14 anos da mesma maioria e eles têm promessas por cumprir de há quatro anos. Precisamos de uma força mais exigente.”
Aos que lhe desejam “força” ou “boa sorte”, João Ferreira responde que “a sorte é bem-vinda mas são precisos votos” e aos que dão a eleição de Fábio Sousa como favas contadas recomenda prudência. “Nada está garantido. Temos de garantir para Lisboa aquilo que temos em Carnide.”