Ambiente, sexismo e racismo: tudo cabe na luta da Greve Climática Estudantil de sexta-feira
Esta sexta-feira, 24 de Setembro, os activistas pelo clima voltam a sair à rua. Há manifestações marcadas para Albufeira, Aveiro, Braga, Caldas da Rainha, Coimbra, Faro, Guimarães, Lisboa, Madeira, Mafra, Porto, Santarém e Sines.
O ambiente é apenas uma das causas da Greve Climática estudantil de sexta-feira, cuja “narrativa” distribuída aos activistas equipara a crise climática ao “sexismo, racismo”, discriminação de pessoas com deficiência e “desigualdade de classe”.
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O ambiente é apenas uma das causas da Greve Climática estudantil de sexta-feira, cuja “narrativa” distribuída aos activistas equipara a crise climática ao “sexismo, racismo”, discriminação de pessoas com deficiência e “desigualdade de classe”.
O protesto, que tem marcadas quase 1.500 acções em vários países do mundo, 14 das quais em cidades portugueses, intima “os colonizadores do Norte” a pagar “a dívida climática pela quantidade desproporcional” de emissões poluentes ao longo da História.
“A crise climática não existe num vácuo. Outras crises socioeconómicas como o racismo, o sexismo, a discriminação das pessoas com deficiência, desigualdade de classe e outras amplificam a crise do clima e vice-versa”, lê-se num manifesto divulgado na página Internet do movimento Fridays for Future.
Nele se fornece aos activistas que aderem ao protesto uma “narrativa” em que o inimigo do movimento surge claramente identificado: “A elite do Norte Global que causou a destruição das terras dos ‘Povos e Áreas Mais Afectados’ através do colonialismo, imperialismo, injustiças sistémicas e ganância cruel que acabou por causar o aquecimento do planeta”.
É esse “Norte Global” que é “responsável por cerca de 92% das emissões em excesso”, refere o Fridays for Future, que considera que a maior parte dos roteiros para a neutralidade carbónica peca por implicar “efeitos secundários arriscados para as populações locais”, como a perda de território para as florestas que se pretende plantar.
“Precisamos de planos concretos e orçamentos carbónicos anuais, não os planos vagos de neutralidade carbónica com que os líderes mundiais têm acenado”, defendem. Outras medidas que pedem são “reparações climáticas anti-racistas”, o cancelamento de dívidas decorrentes de fenómenos climáticos extremos e “fundos de adaptação” que sirvam as comunidades.
Por cá, há mobilizações marcadas para Albufeira (marcha desde a Escola Básica e Secundária de Albufeira até à Câmara Municipal, pelas 10h30); Aveiro (Jardim da Fonte Nova, às 10h); Braga (Praça do Município, 10h); Caldas da Rainha (Praça da Fruta, 15h); Coimbra (Praça 8 de Maio, 17h); Faro (Fórum Algarve, 10h30); Guimarães (Largo Condessa da Mumadona, 15h); Lisboa (Jardim Amália Rodrigues até Arco do Cego, 10h); Madeira (Assembleia Legislativa, 10h); Mafra (Palácio de Mafra, 10h); Porto (da Praça da República à Avenida dos Aliados, 15h); Santarém (Jardim da República, 10h); Sines (Jardim das Descobertas, 18h); Viseu (Câmara Municipal, 10h).
As reivindicações dos activistas portugueses incidem, sobretudo, nas questões relacionadas com energia, transportes, agricultura e florestas, educação e cidadania e mineração. Os activistas exigem o encerramento das “infra-estruturas mais poluentes do país, como a Refinaria de Sines”, a construção de uma “Rede de Transportes Nacional, complementada por ciclovias e percursos pedonais”, a criação de mais áreas protegidas, o fim dos “bens de uso único nos estabelecimentos de educação, substituindo-os por alternativas reutilizáveis”, entre outras, que podem ser consultadas aqui.
A nível mundial é na Europa que estão agendadas a maior parte das acções inscritas na página do Fridays for Future, sobretudo na Alemanha. O movimento realiza protestos desde 2018, ano em que a activista sueca Greta Thunberg, então adolescente, faltou durante várias semanas às aulas em frente ao parlamento sueco.
Além dos protestos marcados para esta sexta-feira, os activistas lançaram também uma “greve permanente às aulas”, que teve início esta segunda-feira, 20 de Setembro. Os jovens prometem faltar indefinidamente às aulas até que 350 pessoas assinem o compromisso “Vamos juntas”, que estabelece um compromisso: “Sair às ruas este Outono para uma acção disruptiva de desobediência civil se ao meu lado estiverem presentes mais 350 pessoas comprometidas à acção.”