“Não atropelem o futuro do país.” Alunos e pais da Maria Barroso manifestam-se por mais segurança à entrada da escola

Neste Dia Europeu sem Carros, alunos e pais da Escola Básica Maria Barroso manifestaram-se em frente à escola para alertar para a falta de segurança na passadeira que lhe dá acesso. Pedem mais sinalização, alguma medida que faça os carros abrandar para se sentirem mais seguros quando caminham para escola.

Fotogaleria

Rafael resume em poucas palavras o que o faz estar ali à entrada da escola, ainda antes de as aulas começarem: “Fizemos esta manifestação porque estávamos há quatro anos a pedir para porem um sinal de escola aqui”, diz o aluno que anda no 3.º ano na Escola Básica Maria Barroso, no coração da baixa lisboeta. O sinal, diz a mãe Inês Pinto, que preside à associação de pais desta escola, apareceu “de ontem para hoje”.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Rafael resume em poucas palavras o que o faz estar ali à entrada da escola, ainda antes de as aulas começarem: “Fizemos esta manifestação porque estávamos há quatro anos a pedir para porem um sinal de escola aqui”, diz o aluno que anda no 3.º ano na Escola Básica Maria Barroso, no coração da baixa lisboeta. O sinal, diz a mãe Inês Pinto, que preside à associação de pais desta escola, apareceu “de ontem para hoje”.

Terá sido um resultado antecipado da manifestação convocada para a manhã desta quarta-feira, Dia Europeu sem Carros, para protestar precisamente contra o facto de a rua estar tomada por estes veículos, muitas vezes colocando os peões em perigo. 

Desde 2017, ano em que esta escola no Largo da Boa Hora foi inaugurada, a comunidade escolar tem alertado para a falta de segurança rodoviária no acesso ao estabelecimento de ensino. “Às vezes vamos a atravessar e os carros não param. Já apanhámos um susto aqui”, explicou ainda Rafael, contando com a anuência da mãe.

“Apesar de pequeninos já estão despertos para estas coisas. Explicámos-lhes que os pais já escreveram uma carta a pedirem para porem um sinal e para terem mais polícia e eles verem que nada acontece também os desmotiva muito”, diz Inês Pinto. 

Os carros sobem a Rua Nova do Almada em direcção ao Chiado e nem sempre param na passadeira que dá acesso à escola. Por vezes, com uma velocidade superior ao que seria adequado, ou até estacionam em cima das passadeiras, bloqueando passeios e obrigando crianças e pais a circularem pela estrada.

Por isso dedicaram-se a fazer cartazes, que hoje empunharam como forma de protesto por sentirem que não estão a ser ouvidos. Ocuparam a passadeira com palavras de ordem: “Deixa passar. Aqui é uma escola e nós queremos atravessar.” Pediram “Menos velocidade.” E irritaram um condutor apressado que perante os manifestantes parados na passadeira os tentou contornar, assustando quem ali estava. 

Muitos nem saberão ou se lembrarão que ali existe uma escola. O sinal que lá está agora junto à sinalização de passadeira foi, como já se disse, colocado recentemente. Na envolvente não há mais nenhuma referência relativa à existência de uma escola. Junto à Maria Barroso há ainda um parque de estacionamento subterrâneo, com entradas e saídas regulares de carros, o que impede que aquele espaço exterior seja aproveitado em segurança pelas crianças.

A identificação de que há uma escola nas proximidades está, por agora, satisfeita, mas a associação de pais gostaria de ver ainda implementadas outras medidas. “Tínhamos proposto que fosse colocado algum dispositivo que obrigasse à diminuição da velocidade, fosse uma lomba ou um semáforo. E pedimos também mais presença dos agentes da Escola Segura”, explica a representante dos pais.

Marta Paz, engenheira agrónoma, mora no Areeiro. Apanha o metro até à estação Baixa-Chiado, percorre depois a pé a Rua do Crucifixo e um troço da Rua de São Nicolau. “É um percurso muito curto, mas raramente se consegue fazer pelo passeio”, diz a mãe de uma aluna do terceiro ano e vice-presidente da associação de pais. “A Rua do Crucifixo, que tem pouco trânsito, está totalmente destinada a carros”, critica.

Em Julho passado, ainda antes do arranque do novo ano lectivo, a associação reuniu com o departamento de mobilidade da Câmara de Lisboa, na qual lhes foi apresentada uma primeira proposta de um projecto, que chamaram de pop-up, com vista à melhoria da visibilidade na aproximação às passadeiras, ao alargamento dos passeios na zona de atravessamento. Mas nada foi ainda implementado.

O PÚBLICO questionou o município sobre os planos que tem para aquela zona, mas ainda aguarda resposta. Entretanto, diz Inês Pinto, a câmara já convocou a associação de pais para uma nova reunião. “Ficámos muito satisfeitos com isso.”

Esta iniciativa aproveitou o final da Semana Europeia da Mobilidade e o período de campanha eleitoral para tentar que o assunto não caia no esquecimento. “Na campanha eleitoral discutem-se questões relacionadas com trânsito, estacionamento. Mas a segurança rodoviária dos peões não se discute. Temos as prioridades ao contrário”, nota Marta Paz.