Gigante chinês Evergrande consegue evitar incumprimento de uma das suas dívidas
Mercados apreensivos com eventual queda de um dos maiores grupos imobiliários do país.
O grupo Evergrande, um dos maiores do sector da construção da China, anunciou esta quarta-feira ter chegado a um acordo com os detentores de obrigações para evitar o incumprimento de uma das suas dívidas. Este acordo surge depois do grupo ter falhado, esta segunda-feira, o pagamento de juros de dois empréstimos obrigacionistas.
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O grupo Evergrande, um dos maiores do sector da construção da China, anunciou esta quarta-feira ter chegado a um acordo com os detentores de obrigações para evitar o incumprimento de uma das suas dívidas. Este acordo surge depois do grupo ter falhado, esta segunda-feira, o pagamento de juros de dois empréstimos obrigacionistas.
Numa declaração à Bolsa de Shenzhen, no Sul da China, o grupo, que está sobrecarregado com uma dívida de cerca de 260 mil milhões de euros, disse que uma das suas filiais, Hengda Real Estate, tinha negociado um plano de pagamento de juros sobre uma obrigação com vencimento em 2025.
Segundo a Bloomberg, Evergrande reembolsaria 232 milhões de yuan (30,5 milhões de euros) da dívida vencida sobre a obrigação de 5,8%, que se destina ao mercado obrigacionista doméstico.
Este acordo evita a entrada imediata em default, ou incumprimento, o que teria consequências muito graves para a solvabilidade do grupo, mas o gigante imobiliário baseado em Shenzhen está longe de estar fora de perigo, dado o montante total da sua dívida. Outros reembolsos são devidos já esta quinta-feira e o grupo ainda não disse como prevê cumpri-los.
Os receios de um cenário ao estilo do Lehman Brothers, cuja falência precipitou a crise financeira de 2008 nos Estados Unidos, gerou fortes receios nos mercados financeiros mundiais. A pressão vendedora, nos sectores de maior risco, levando à queda de vários índices bolsistas mundiais esta segunda e terça-feira.
Na sessão desta quarta-feira, os mercados financeiros estão a reagir positivamente ao anúncio de acordo com dois dos principais bancos financiadores do grupo, com os mercados asiáticos a encerrar em terreno positivo.
No entanto, todos os olhos estão postos no governo chinês, que ainda não disse se pretende salvar o grupo privado.
Com escrevia esta segunda-feira Ricardo Cabral, professor do ISEG, no PÚBLICO, a crise no sector da construção parece ser consequência de medidas de política económica crescentemente restritiva das autoridades chinesas, preocupadas com o crescimento da bolha no sector imobiliário.
Lembra, em particular, que “em Agosto de 2020, o Banco Popular da China introduziu regras que ficaram conhecidas como ‘as três linhas vermelhas’, que obrigaram as empresas do sector da construção a reduzir a sua alavancagem financeira (isto é, rácios de endividamento) e a melhorar os seus rácios de liquidez”.