A cinco dias da ida às urnas, eleitos pelo movimento de Rui Moreira renunciam ao mandato em Campanhã
Apoio do presidente da Câmara do Porto ao candidato do PS à Junta de Freguesia de Campanhã levou quatro eleitos pelo movimento independente a bater com a porta.
A cinco dias das eleições autárquicas, quatro dos cinco elementos eleitos pelo movimento independente de Rui Moreira para a Assembleia de Freguesia da Junta de Freguesia de Campanhã, em 2017, renunciaram ao cargo, deixando críticas ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apurou o PÚBLICO.
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A cinco dias das eleições autárquicas, quatro dos cinco elementos eleitos pelo movimento independente de Rui Moreira para a Assembleia de Freguesia da Junta de Freguesia de Campanhã, em 2017, renunciaram ao cargo, deixando críticas ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, apurou o PÚBLICO.
O primeiro a bater com a porta foi Carlos Gagliardini Graça. O autarca do CDS não entende as razões que levaram Rui Moreira a apoiar o socialista Ernesto Santos, actual presidente da Junta de Freguesia eleito pelo PS, em 2017.
Nestas eleições autárquicas, conta, o presidente da Câmara do Porto decidiu não ir a votos na junta de freguesia para apoiar Ernesto Santos, que é recandidato.“Não posso apadrinhar uma situação destas”, desabafa, lamentando que Rui Moreira não tenha informado as pessoas eleitas pelo seu movimento.
“Não compreendo esta manobra política. Sou militante do CDS e não me passa pela cabeça ter a atitude activa ou passiva de apoiar a lista do PS para a Junta de Freguesia de Campanhã, liderada pelo PS”, declarou ao PÚBLICO Carlos Gagliardini Graça, mostrando alguma perplexidade pelo facto de o movimento ter optado este ano por não apresentar lista à Junta de Freguesia de Campanhã.
“Os 4000 eleitores de Campanhã que votaram em Rui Moreira há quatro anos, agora ficam sem ter os seus representantes para a junta”, insurge-se.
Numa carta dirigida à presidente da Assembleia de Freguesia de Campanhã, Sandra Santos, Gagliardini Graça insiste na crítica ao movimento por ter optado por não apresentar listas que dessem seguimento ao “trabalho árduo” que foi desenvolvido pelos eleitos do movimento de Rui Moreira.
“Desta forma, e dado que o projecto político por mim co-protagonizado se esgotou e por não conseguir aceitar que se apoie uma força politica que defende os interesses da nossa freguesia de forma medíocre e sofrível, tomei a decisão de me afastar do actual cenário político, sendo certo que isso dará lugar a que outras forças, querendo, representem as legitimas aspirações de um eleitorado que clama por mudança, proactividade e emprenho no progresso”, escreveu na carta a que o PÚBLICO teve acesso.
“Não me reconheço nestes acordos e posicionamentos tácticos entre o movimento e o PS, que a todos confunde e que não representa o caminho de renovação política em curso que iria originar uma iminente e previsível mudança na gestão e no executivo da junta de freguesia”, acrescenta o autarca do CDS, frisando que Campanhã é a única junta de freguesia liderada pelo PS. O PÚBLICO sabe que outros três eleitos tomaram a mesma decisão.
Já o líder da bancada do movimento independente na Junta de Freguesia de Campanhã, Cândido Correia, recusou fazer declarações sobre a situação, remetendo uma posição para depois das eleições autárquicas. É provável que no dia 29, na última reunião da Assembleia de Freguesia de Campanhã tome uma posição.
Contactado pelo PÚBLICO, Rui Moreira mostrou-se surpreendido com a decisão dada a proximidade das eleições e do final do mandato e explicou que “é da natureza dos movimentos independentes não perpetuarem as pessoas nos lugares, ao contrário da lógica dos partidos políticos” e deu como exemplo as alterações por si feitas a nível da lista para a Assembleia Municipal do Porto que sofreu um grande refrescamento.
E salvaguarda que esta decisão de apoiar Ernesto Santos nada tem a ver com “falta de mérito” dos autarcas que agora renunciaram aos lugares.