Bauhaus do Mar chega a Veneza para pôr a Europa a bordo de uma ideia

Começa hoje uma conferência no Arsenal de Veneza que lança projecto nascido em Portugal no caminho do Novo Bauhaus Europeu.

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Conferência realiza-se no Arsenal de Veneza Dadi Luca/Getty Images

Depois de lançar a ideia em Portugal, o Bauhaus do Mar estende-se a Itália para entrar em velocidade de cruzeiro. No início de 2021, a Comissão Europeia lançou o Novo Bauhaus Europeu, um movimento para aliar a transição climática à cultural. Logo surgiu em Portugal um grupo de trabalho que quer adaptar essa ideia ao mar, tomando as artes como ponto de partida. Este projecto teve o seu primeiro momento numa conferência no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa, em Maio. Veneza subiu a bordo e começa hoje uma conferência que é organizada pela universidade e pelo município da cidade italiana e que conta com académicos e responsáveis políticos locais, portugueses e europeus.

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Depois de lançar a ideia em Portugal, o Bauhaus do Mar estende-se a Itália para entrar em velocidade de cruzeiro. No início de 2021, a Comissão Europeia lançou o Novo Bauhaus Europeu, um movimento para aliar a transição climática à cultural. Logo surgiu em Portugal um grupo de trabalho que quer adaptar essa ideia ao mar, tomando as artes como ponto de partida. Este projecto teve o seu primeiro momento numa conferência no Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, em Lisboa, em Maio. Veneza subiu a bordo e começa hoje uma conferência que é organizada pela universidade e pelo município da cidade italiana e que conta com académicos e responsáveis políticos locais, portugueses e europeus.

“Lançámos esta ideia de um Bauhaus do Mar como um projecto que pudesse beneficiar Portugal e levantasse questões importantes de sustentabilidade e de futuro, não só sobre o ambiente construído, mas também sobre a interacção das linhas costeiras com o mar”, introduz o professor catedrático do Instituto Superior Técnico (IST) e coordenador do grupo de trabalho do Bauhaus do Mar, Nuno Jardim Nunes. “À medida que o projecto foi ganhando visibilidade e dimensão, os colegas de Itália, que estavam a tentar preparar uma candidatura isolada, juntaram-se a nós e decidiram que Lisboa e Veneza seriam as duas cidades farol do projecto”, refere, para contar a história desta conferência que começa hoje, no Arsenal de Veneza, e termina amanhã. Este consórcio envolve também a região do delta onde estão Antuérpia e Roterdão e o estreito de Orsund, entre Malmo e Copenhaga.

Entre os presentes na conferência estarão o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, e o ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, que, juntamente com a pasta da Cultura, se têm envolvido mais directamente neste processo. Esta presença de membros do governo mostra também o respaldo político ao trabalho que arrancou com um manifesto assinado por Nuno Jardim Nunes, pelo designer Frederico Duarte, pelo investigador e professor da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Heitor Alvelos, pela arquitecta Mariana Pestana e pelo arquitecto Miguel Figueira.

Antecipar a revolução

Ao PÚBLICO, o ministro do Mar, diz que é “importante acarinhar esta ideia do Bauhaus do Mar, não só pela ligação que tem ao Green New Deal, mas por promover a literacia e a cultura dos oceanos e por restabelecer a ligação emocional da sociedade com os oceanos”. Nestes pontos, o projecto enquadra-se na Estratégia Nacional para o Mar 2021-2030, “que tem vertentes relacionadas com a educação, com a literacia e com a cultura”, sublinha.

E se é preciso trabalhar na adaptação das cidades costeiras à subida do nível do mar, é também necessário “antecipar a grande revolução na economia, na energia, na habitação e nos transportes”, afirma o governante.

No âmbito do Novo Bauhaus Europeu, processo inspirado na escola alemã fundada na ressaca da Primeira Guerra Mundial, pelo arquitecto Walter Gropius, serão distribuídos cinco projectos-piloto pelos Estados-membros da União Europeia. O Bauhaus do Mar quer ser um deles.

A submissão de propostas deverá ser ocorrer até Janeiro de 2022, embora o modelo de financiamento europeu ainda não seja claro, refere Nuno Jardim Nunes. Se a conferência serve para preparar caminho para essa candidatura, o responsável não esconde “que é também uma forma de fazer lobby, de chamar a atenção”.

“O sector cultural é fundamental no nosso projecto”, diz Jardim Nunes, que lembra que o sector pode ajudar arquitectos, engenheiros e designers a olhar para exemplos de relação com o mar. Dentro desta ideia cabe um projecto de um barco que leve uma tripulação de criativos, mas também sirva de navio-escola.

O Bauhaus do Mar tem também esse elemento ligado ao ensino “e por isso é que o IST também está envolvido”, explica o coordenador. “Vamos ter que formar pessoas diferentes para lidarem com problemas diferentes. Como professor, vejo o barco como uma escola, com um novo programa de ensino, que põe os engenheiros a perceber muito mais cedo a importância da cultura, de uma vertente naturalista do processo de engenharia”, diz.

Na última semana, a Comissão Europeia anunciou que iria disponibilizar 85 milhões de euros para apoiar projectos no âmbito do Novo Bauhaus Europeu, entre 2021 e 2022. Na quinta-feira, foram anunciados os 20 vencedores do primeiro concurso do Novo Bauhaus, desenhado para premiar boas práticas e conceitos que ilustrem os valores desta iniciativa europeia, como a sustentabilidade, a estética e a inclusão. Um dos vencedores foi a Ayr, uma plataforma de sustentabilidade desenvolvida pelo CEIIA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, em Matosinhos.

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