MEXE arranca este sábado no Porto, com extensões em Viseu e em Lisboa
O grande tema desta vez é o risco. O risco do avanço tecnológico, das alterações climáticas, da perda da intimidade, da exclusão, da violência, da manipulação
Sai do Porto pela primeira vez o MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade. A ideia de risco comanda o cartaz que combina dança, música, vídeo, teatro, performance, instalação, oficina, conferência e se prolonga de 18 de Setembro a 3 de Outubro. Primeiro, só no Porto e em Viseu. No fim, em Lisboa.
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Sai do Porto pela primeira vez o MEXE – Encontro Internacional de Arte e Comunidade. A ideia de risco comanda o cartaz que combina dança, música, vídeo, teatro, performance, instalação, oficina, conferência e se prolonga de 18 de Setembro a 3 de Outubro. Primeiro, só no Porto e em Viseu. No fim, em Lisboa.
Lembra o director artístico, Hugo Cruz, que os últimos tempos têm sido de grande incerteza. A pandemia evidenciou vulnerabilidades, agravou desigualdades. No fórum que se costuma organizar para pensar o festival surgiu a ideia de risco. O risco do avanço tecnológico, das alterações climáticas, da perda da intimidade, da exclusão, da violência, da manipulação.
Na conferência de abertura, às 16h30 deste sábado, no Jardim de São Lázaro, no Porto, estará Neil Harbisson, artista audiovisual, presidente da Fundação Cyborg, reconhecido como cyborg pelo governo inglês, a falar sobre O risco de ser humano. Como nasceu com acromatopsia, só consegue ver a preto e branco. Instalou um terceiro olho que lhe permite reconhecer outras cores.
No teatro, Hugo Cruz destaca Paisajes para no colorear, da companhia chilena La Re-sentida. Partindo de 100 testemunhos, aborda actos de violência cometidos contra raparigas. Sobe ao palco do Teatro Carlos Alberto, no Porto, às 19h deste sábado, e do Teatro do Viriato, em Viseu, às 21h do próximo dia 24.
Na música, realça Mynda Guevara, rapper oriunda do Bairro da Cova da Moura, em Lisboa. Com o seu rap crioulo tenta afirmar-se num universo masculinizado. Esta sexta-feira deu uma oficina aos rapazes do Centro Educativo de Santo António. Pelas 22h de Sábado, dá um concerto no jardim de São Lázaro.
No cinema, chama a atenção para a curta-metragem Cair, que co-realizou com João Miguel Ferreira. Partindo do livro “Crónicas – textos vividos em tempos de crise pandémica” (2020), entraram nos Conselhos Locais de Cidadãos dos núcleos distritais do Norte da Rede Europeia Antipobreza – EAPN Portugal (Aveiro, Braga, Bragança, Porto, Viana do Castelo e Vila Real) para deixar falar.
A programação está toda no site do festival (https://mexe.org.pt/). Quem lá for encontrará um desafio: o projecto Máquina de Ruído, uma instalação digital que explora a forma como as pessoas utilizam as redes sociais. Os visitantes poderão aceder a uma plataforma que lhes colocará quatro questões. Poderão partilhar uma inquietação, fazer um protesto por escrito ou áudio. “É uma experiência de manifestação virtual”, resume. No fim, as mensagens serão pervertidas pelo artista Bruno Kowalski e devolvidas ao público para gerar consciência dos modos de manipulação de informação.
Este festival tem por missão dar palco ao trabalho de companhias, colectivos, cidadãos e artistas dedicados à reflexão e às práticas artísticas participativas. Desta vez, leva um pouco disso a Viseu e a Lisboa. “A Culturgest e o Teatro do Viriato pretendiam aprofundar na sua programação esta dimensão participativa e comunitária. Para nós, isto representa a possibilidade de trabalhar com outras geografias, outros grupos”, esclarece Hugo Cruz. “Acho que isto pode instigar o trabalho que fazemos no Porto. Quando trabalhamos só com uma comunidade corremos o risco de cristalizar.”