Sucesso na vacinação gera consenso e leva partidos a defenderem fim de restrições
Os partidos saíram do encontro do Infarmed a elogiar o sucesso do processo de vacinação e a mobilização dos portugueses, razões para aliviar as restrições. Agora é esperar pela luz verde do Governo.
Perante a expectativa de que poderiam ser conhecidas novidades em relação ao levantamento de restrições, a reunião do Infarmed resultou numa certeza: a vacinação foi “um sucesso”, reconhecido até “lá fora”, e o consenso entre todos os responsáveis políticos - que marcaram presença no encontro - tornou-se incontornável.
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Perante a expectativa de que poderiam ser conhecidas novidades em relação ao levantamento de restrições, a reunião do Infarmed resultou numa certeza: a vacinação foi “um sucesso”, reconhecido até “lá fora”, e o consenso entre todos os responsáveis políticos - que marcaram presença no encontro - tornou-se incontornável.
Da esquerda à direita, os partidos concordam que o país está em condições de avançar para a próxima fase do desconfinamento. O levantamento das restrições, quer em relação ao fim das limitações na lotação dos espaços comerciais, quer a respeito da realização de eventos, deverá avançar quando mais de 85% da população tiver a vacinação completa, o que se espera que aconteça, “no pior cenário”, até à primeira semana de Outubro. Assim, as novidades foram atiradas para o próximo Conselho de Ministros, agendado para a próxima quinta-feira.
A poucos dias de o país atingir o objectivo de vacinação, e em jeito de balanço, o Presidente da República resumiu o encontro do Infarmed como “o fechar de uma página, mas não a conclusão de um processo”. No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que continuam a existir doentes internados (e mortes) e afastou que o levantamento de restrições represente um relaxamento total.
“Não há facilitismo, há um adaptar daquilo que são os comportamentos a uma nova fase”. Além disso, nenhuma decisão é irreversível. “Caso existam circunstâncias que obriguem à imposição de restrições, as restrições serão impostas”, avisou. Até lá, é preciso ter atenção (e cuidados redobrados) em duas situações: no uso de transportes públicos e nos lares, “onde as regras têm de ser mais fortes”.
Pelo PS, Pedro Cegonho considerou que há “confiança suficiente" para avançar: “Estamos num momento de transição”. Ainda assim, deverá manter-se uma “monitorização permanente” e é “essencial” que a responsabilidade individual não seja descurada.
Pelo PSD, e em linha com a posição de Rui Rio, Ricardo Baptista Leite também sublinhou que a adesão à vacinação permite aliviar as restrições e retomar actividades que ficaram suspensas, quer nos cuidados de saúde, quer na actividade económica. Com a mesma opinião, Moisés Ferreira insistiu no investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), considerando “que terá de continuar a monitorização, vacinar contra a gripe e retomar muita da actividade programada” que está pendente.
Também o PCP não vê “razões nenhumas para manter as restrições” e “continuar a condicionar a actividade do país”. Jorge Pires não gostou dos “muitos elogios" feitos por Marcelo à task-force da vacinação e lembrou o trabalho dos profissionais de saúde, para quem pediu valorização nas carreiras.
Já o CDS pediu um desconfinamento nas medidas, mas também nas restrições de acesso aos serviços públicos e na educação, notando a ausência de normas actualizadas pela Direcção-Geral de Saúde para o arranque do ano lectivo. Uma opinião partilhada pela Iniciativa Liberal, com Carla Castro a queixar-se do “ritmo eleitoralista” com que “as decisões do Governo são tomadas” e a pedir coerência. “As pessoas olham para outros países com menores taxas de vacinação e não conseguem perceber o contra-senso”, disse. O PEV e o Chega não estiveram presencialmente no encontro.
Apesar dos rasgados elogios ao ritmo da vacinação e à “eficácia comprovada” da vacina, sucederam-se os apelos à responsabilidade individual, para que se mantenham os cuidados de protecção, nomeadamente no uso de máscara, e da testagem regular. “A vacinação é muito importante, mas a testagem é determinante”, vincou Marcelo, reservando para alguns casos “de rigor mais exigente” a obrigatoriedade de continuar a apresentar certificado digital. Antes, o vice-almirante Gouveia e Melo, responsável pela coordenação da vacinação, havia concluído: “A guerra não terminou, mas pelo menos a primeira batalha está ganha”.