No Gabinete de Madame Thao, é entre as linhas do papel que se conta a história vietnamita
Depois de três anos a viver em Portugal, a artista franco-vietnamita Sandrine Llouquet inaugura o seu primeiro estúdio e galeria de arte na LxFactory, em Lisboa, nesta quinta-feira.
O espaço não é o maior, mas dentro do lote 2-07, no 2.º andar da LxFactory, em Lisboa, não só cabe um estúdio e uma galeria de arte contemporânea, mas também uma loja de materiais artísticos provenientes do mundo oriental e ainda uma banca de livros em segunda mão.
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O espaço não é o maior, mas dentro do lote 2-07, no 2.º andar da LxFactory, em Lisboa, não só cabe um estúdio e uma galeria de arte contemporânea, mas também uma loja de materiais artísticos provenientes do mundo oriental e ainda uma banca de livros em segunda mão.
“O conceito principal é o papel, porque eu sempre adorei trabalhar com ele e a minha ideia era criar um espaço onde podia fazer coisas diferentes que me inspiram relacionados com este material”, explica Sandrine Lloquet, fundadora do estúdio e que conta como a sua paixão pelo papel foi surgindo desde que se formou em Belas Artes em França. “Para mim, o papel é como um meio simples e modesto, mas que ao mesmo tempo consegue expor directamente o que temos em mente.”
Apesar de ter nascido e crescido em França, Llouquet tem raízes vietnamitas e viveu naquele país durante 15 anos, onde chegou a ser directora do Museu de Arte Contemporânea em Ho Chi Minh, a maior cidade do Vietname. Mais tarde, em 2019, decidiu mudar-se para Portugal e começou a interessar-se por estudar os azulejos nacionais.
Foi em Lisboa que abriu o seu primeiro estúdio de arte, inaugurado nesta quinta-feira. A principal atracção é a exposição de obras tanto de Llouquet como de outros dez artistas convidados, incluindo a portuguesa Constança Arouca, com peças feitas em papel e que oferecem ao público uma outra perspectiva sobre o Vietname. “Geralmente, quando falamos sobre ao Vietname, as pessoas só se lembram da guerra, porque foi o que aprenderam ao ver filmes americanos”, lamenta.
No Gabinete de Madame Tao podemos aprender tanto sobre o passado como o presente de um país em que a arte é ainda encarada como tabu, tendo em conta o regime opressivo que ali vigora. “No Vietname não é suposto fazer-se o que se quer, especialmente quando nos referimos à arte. Geralmente, nós, os artistas, temos muito cuidado em falar sobre isso, mas de uma forma ou outra vamos aos poucos arranjando maneiras de nos expressar”, explica Sandrine Llouquet.
A artista franco-vietnamita espera ainda cativar o público português para os papéis feitos à mão que provêm de vários pontos do globo como Índia, Japão, Nepal ou até do México. “Acho que é algo incrível e que não se encontra facilmente noutro sítio por aqui”, nota a proprietária do espaço.
Há também vários eventos culturais a serem planeados para dar vida à pequena galeria de arte de Llouquet, como apresentações de livros, miniconcertos e, na próxima sexta-feira, 23 de Setembro, está já marcada a primeira sessão pública de desenho com modelo vivo. “A ideia é criar um ambiente de produção artística, mas também onde as pessoas possam relaxar, beber um copo de vinho ou um chá vietnamita”, convida.
Texto editado por Pedro Esteves