Por agora, o buraco na camada de ozono de 2021 já é dos maiores desde que há registos

Esta quinta-feira comemora-se o Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono e é feito um ponto da situação sobre o buraco na camada de ozono que se forma todos os anos sobre a Antárctida. O processo ainda está a decorrer e continua a ser monitorizado.

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Até agora, a área ocupada pelo buraco na camada de ozono no hemisfério Sul já chegou a cerca de 22,5 milhões de quilómetros quadrados STEPHANE MAHE/REUTERS

Durante a Primavera no hemisfério Sul, forma-se um buraco na camada de ozono sobre a Antárctida. Esta quinta-feira, no Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono, o Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico (CAMS) faz um ponto da situação sobre o processo deste ano: o buraco na camada de ozono no hemisfério Sul já “ultrapassou a dimensão da Antárctida” e, na fase do ano em que se encontra, já é dos maiores desde 1979 – isto é, desde quando o CAMS tem registos.

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Durante a Primavera no hemisfério Sul, forma-se um buraco na camada de ozono sobre a Antárctida. Esta quinta-feira, no Dia Mundial para a Preservação da Camada do Ozono, o Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico (CAMS) faz um ponto da situação sobre o processo deste ano: o buraco na camada de ozono no hemisfério Sul já “ultrapassou a dimensão da Antárctida” e, na fase do ano em que se encontra, já é dos maiores desde 1979 – isto é, desde quando o CAMS tem registos.

Ainda não há muitos motivos de preocupação, mas o serviço de monitorização avisa que o buraco na camada de ozono deste ano se assemelha muito ao de 2020, que foi um dos mais profundos e duradouros desde 1979. Contudo, o processo ainda está a decorrer e a sua evolução continua a ser acompanhada.

Normalmente, o buraco na camada de ozono no hemisfério Sul atinge o seu máximo entre meados de Setembro e meados de Outubro. Portanto, os dados divulgados esta quinta-feira são ainda um primeiro olhar sobre este processo.

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De acordo com a informação agora disponibilizada, no início, o buraco na camada de ozono começou a formar-se tal como o esperado, mas na última semana teve um “crescimento considerável”. Ao compará-lo com os restantes buracos na camada de ozono sobre a Antárctida formados por esta mesma altura, este “é agora maior do que 75% dos buracos na camada de ozono nesta fase da estação desde 1979”. Já ultrapassa a própria dimensão da Antárctida (que tem 14,2 milhões de quilómetros quadrados).

Até agora, a área ocupada pelo buraco na camada de ozono já chegou a cerca de 22,5 milhões de quilómetros quadrados, referiu ao PÚBLICO Simon Herrmann, do serviço HBI Helga Bailey GmbH, que faz a comunicação do Copérnico, um programa de observação da Terra da Comissão Europeia. Embora se preveja que não aumente nos próximos cinco dias, espera-se que ainda aumente um pouco até ao início de Outubro. Nesta fase, o CAMS irá continuar a monitorizar este processo. “A extensão máxima ainda não foi atingida”, adiantou também ao PÚBLICO Nuria Lopez, do gabinete de comunicação do CAMS.

Recentemente, numa Primavera “normal” no hemisfério Sul, o buraco da camada de ozono atinge um máximo de cerca de 20 milhões de quilómetros quadrados entre o final de Setembro e o início de Outubro, segundo o site da NASA. Mas, em 2020, chegou mesmo a atingir um pico de 24 milhões de quilómetros quadrados no início de Outubro.

Num comunicado sobre os primeiros dados deste ano, Vincent Henri Peuch, director do CAMS, descreve o que já se observou: “Este ano, o buraco na camada de ozono desenvolveu-se tal como o esperado no início da estação”, começa por comentar. “Parece ser muito semelhante ao do ano passado, que não foi realmente excepcional em Setembro, mas depois tornou-se num dos buracos mais duradouros na camada de ozono desde que temos dados. Agora, as nossas projecções mostram que o buraco deste ano evoluiu num muito maior do costuma ser normal.” Vincent Henri Peuch adiantou ainda que “estamos perante um buraco na camada de ozono bastante grande e potencialmente profundo”.

Mesmo assim, o director do CAMS assinalou ao jornal The Guardian que um buraco na camada de ozono grande ou pequeno num ano não significa necessariamente que todo o seu processo de recuperação no geral não esteja a acontecer conforme o esperado. “Mas pode ser um sinal de que precisa de uma atenção especial e a investigação pode ser direccionada para se estudar a razão por detrás de um buraco específico na camada de ozono”, frisou.

As temperaturas e o vórtice

Portanto, há motivos de preocupação? “Nesta fase, ainda não é mesmo uma preocupação. Contudo, o buraco na camada de ozono deste ano é extremamente semelhante ao de 2020, que esteve entre os mais profundos e duradouros nos nossos registos desde 1979”, respondeu ao PÚBLICO Simon Herrmann.

Quanto às causas, há um conjunto de factores que contribuem para poder ser um dos mais duradouros. Entre as mais importantes, estarão as temperaturas no Pólo Sul e a estabilidade do vórtice polar – uma grande área de baixa pressão que rodeia o Pólo Sul. Ora, no comunicado, Vincent Henri Peuch notava que o vórtice está bastante estável e as temperaturas estratosféricas estão ainda mais baixas do que no último ano, o que contribuirá para a dimensão do buraco. “É essencial manter esforços de monitorização para se perceber a razão do comportamento do buraco na camada de ozono”, sublinha Simon Herrmann.

Os cientistas do Serviço de Monitorização da Atmosfera do Copérnico têm estado a monitorizar a evolução do buraco da camada de ozono sobre o Antárctico e assim continuarão. O seu trabalho é feito através da combinação entre modelações de computador com observações de satélites.

Ainda não se sabe quando estarão disponíveis os resultados finais da evolução deste processo porque não se sabe bem até quando durará. Normalmente, o buraco da camada começa a encolher entre o início e meados de Dezembro. Contudo, no último ano, apenas “se fechou” por volta do Natal.

A camada de ozono protege a Terra da radiação ultravioleta. Na segunda metade do século XX, descobriu-se um buraco na camada de ozono sobre a Antárctida. Nessa altura, os cientistas perceberam que os químicos sintéticos CFC – usados em aerossóis, refrigerantes, solventes ou na produção de espuma rígida de empacotamento – eram culpados pela destruição do ozono estratosférico. Era assim necessária uma resposta a este problema, que chegou em 1987. Nesse ano, 150 países assinaram um tratado, o Protocolo de Montreal, em que se comprometiam a eliminar a produção de gases. Equipas de cientistas já comunicaram algumas melhorias na camada de ozono desde então.