Ministério Público venezuelano abre investigação contra Guaidó
O líder oposicionista é suspeito de vários crimes por causa da sua intervenção para a perda de controlo estatal sobre a filial colombiana da empresa pública de petróleo da Venezuela.
A justiça venezuelana abriu uma investigação formal contra o líder oposicionista Juan Guaidó, suspeito de vários crimes relacionados com a gestão de activos da empresa pública de petróleo.
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A justiça venezuelana abriu uma investigação formal contra o líder oposicionista Juan Guaidó, suspeito de vários crimes relacionados com a gestão de activos da empresa pública de petróleo.
O anúncio foi feito pelo procurador-geral, Tarek William Saab, esta terça-feira, que disse ter aberto uma investigação contra Guaidó por “usurpação de funções, traição à pátria, conspiração, furto qualificado de activos e associação criminosa”. Em causa está o pedido feito por Guaidó às autoridades colombianas – país que o continua a reconhecer como chefe de Estado – para intervirem directamente na Monómeros, a filial local da empresa petrolífera pública venezuelana.
A Monómeros está sob intervenção da Superintendência de Sociedades da Colômbia desde o início do mês, o que é considerado ilegítimo por parte de Caracas. O Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou o seu homólogo colombiano, Iván Duque, de tentar “roubar activos” do país.
A vice-presidente venezuelana Delcy Rodríguez acusou Guaidó de ser “o maior rufia e delinquente desta época”. “Conspirar com potências estrangeiras e os seus lacaios para privar o povo da Venezuela do seu património legítimo e causar-lhe sofrimento e dor não será algo que vai ficar impune”, afirmou a “número dois” do regime, ainda antes do anúncio do procurador-geral.
Guaidó disse que os “activos venezuelanos desde 2019 estão e vão continuar a ser protegidos para que a ditadura não continue a saqueá-los”.
O caso aberto contra Guaidó – que se autoproclamou Presidente interino no início de 2019, sendo reconhecido por dezenas de países – surge numa altura em que decorrem negociações entre o regime venezuelano e a oposição para tentar alcançar uma solução política para a crise institucional e social que se abate sobre o país há vários anos. As negociações ocorrem num momento de alguma fragilidade da parte dos partidos oposicionistas, que contrasta com o fortalecimento do Governo de Maduro, que consolidou o poder com a vitória nas eleições legislativas do ano passado.
Os partidos oposicionistas abandonaram recentemente a estratégia de boicotes eleitorais – defendida pela ala de Guaidó – e anunciaram a participação nas eleições regionais de Novembro.
Uma nova vitória para o regime “chavista” foi o apelo deixado esta semana pela Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para que as sanções económicas contra a Venezuela sejam levantadas. A ONU está particularmente preocupada com o aumento da pobreza e o efeito da pandemia sobre grande parte da população, muito dependente de empregos no Estado e ajudas públicas.
“As medidas coercivas unilaterais sectoriais exacerbaram as condições económicas e humanitárias pré-existentes, afectando os recursos disponíveis para garantir e proteger os direitos humanos, sobretudo das pessoas mais vulneráveis”, lê-se no relatório de Bachelet.