SpaceX prepara-se para enviar à órbita da Terra a primeira tripulação só com civis
O bilionário Jared Isaacman, a geocientista Sian Proctor, a médica assistente Hayley Arceneaux e o engenheiro de dados Chris Sembroski fazem parte da primeira tripulação sem nenhum astronauta profissional a tentar ir à órbita da Terra.
Há um outro empresário bilionário preparado para seguir viagem para o espaço já esta semana. A sua viagem astro-turística vai acontecer dentro de uma cápsula de um foguetão da SpaceX como parte da primeira tripulação só com civis que irá à órbita da Terra. Jared Isaacman, o fundador norte-americano e director-executivo da empresa de comércio electrónico Shift4 Payments, irá liderar uma equipa com outros três novatos em voos espaciais numa viagem de três dias a partir do Cabo Canaveral, na Florida.
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Há um outro empresário bilionário preparado para seguir viagem para o espaço já esta semana. A sua viagem astro-turística vai acontecer dentro de uma cápsula de um foguetão da SpaceX como parte da primeira tripulação só com civis que irá à órbita da Terra. Jared Isaacman, o fundador norte-americano e director-executivo da empresa de comércio electrónico Shift4 Payments, irá liderar uma equipa com outros três novatos em voos espaciais numa viagem de três dias a partir do Cabo Canaveral, na Florida.
Este magnata de 38 anos pagou uma indeterminada e presumivelmente exorbitante quantia ao bilionário da SpaceX, Elon Musk. Jared Isaacman e outros três civis seleccionados viajarão para a órbita do planeta a bordo de uma cápsula Crew Dragon, da SpaceX. Espera-se que a viagem aconteça já esta quinta-feira (no horário de Lisboa).
Definiu-se que o veículo denominado “Resilience” descolará do Centro Espacial Kennedy, da NASA, a partir de um foguetão reutilizável Falcon 9, com uma janela de oportunidade de cinco horas que abre à 01h (hora de Lisboa) esta quinta-feira (ainda quarta-feira nos Estados Unidos). Previsões no domingo indicam que há uma hipótese de 70% de condições meteorológicas favoráveis para o lançamento.
Um voo bem-sucedido poderá criar uma nova era de turismo espacial comercial, com muitas empresas a competirem por clientes abastados para que paguem uma pequena fortuna para experienciar a euforia de uma viagem supersónica e o espectáculo visual no espaço. Definir níveis aceitáveis de risco para o consumidor numa viagem inerentemente perigosa num foguetão também é crucial e levanta uma questão importante: “Tem de se ser ao mesmo tempo rico e corajoso para embarcar nestes voos neste momento?”, questiona Sridhar Tayur, professor de novos modelos de negócio da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, numa entrevista à Reuters na sexta-feira.
A missão desta quinta-feira chama-se Inspiration4 e foi concebida por Jared Isaacman sobretudo para consciencializar e apoiar uma das suas grandes causas, o Hospital de Investigação St. Jude Children (nos Estados Unidos), um centro pediátrico para o cancro. Este empresário milionário já doou para esta instituição 100 milhões de dólares (cerca de 85 milhões de euros).
A corrida dos bilionários ao espaço
A SpaceX é o interveniente mais consolidado na crescente constelação de empreendimentos de foguetões comerciais, tendo já lançado várias mercadorias e astronautas para a Estação Espacial Internacional, ao serviço da NASA.
Empresas rivais da SpaceX, a Virgin Galactic e a Blue Origin, fizeram recentemente a sua estreia nas missões astro-turísticas com os seus respectivos fundadores, os bilionários Richard Branson e Jeff Bezos. Mas ambos fizeram voos à escala suborbital, enviando as suas tripulações com cidadãos-astronautas para o espaço e de novo para a Terra – tudo numa questão de minutos.
Agora, este voo da SpaceX foi concebido para enviar os seus quatro passageiros onde nenhuma outra tripulação só composta por cidadãos tinha ido antes – a órbita da Terra. Aí, irão dar a volta ao globo a cada 90 minutos a mais de 27.360 quilómetros por hora (aproximadamente a 22 vezes a velocidade do som). A altitude alvo é 575 quilómetros, isto é, além das órbitas da Estação Espacial Internacional ou até mesmo do Telescópio Espacial Hubble.
O voo desta missão será inteiramente dirigido a partir da Terra. Já o veículo suborbital de Richard Branson levou dois pilotos com formação. A tripulação da Inspiration4 não intervirá nas operações do seu veículo – embora dois dos passageiros sejam pilotos com licença, Jared Isaacman e a geocientista Sian Proctor, de 51 anos.
Jared Isaacman assumirá o papel de “comandante” do voo e Sian Proctor (que já se candidatou a astronauta da NASA) o de “piloto”. A geocientista foi seleccionada para esta tripulação através de um concurso online lançado pela Shift4 Payments.
A restante equipa é constituída por uma “directora médica executiva”, Hayley Arceneaux (de 29 anos), que sobreviveu a um cancro e se tornou uma das médicas assistentes do Hospital de Investigação St. Jude Children. Há ainda um “especialista” da missão, Chris Sembroski (de 42 anos), um veterano da Força Aérea dos Estados Unidos e engenheiro em dados aeroespaciais. Chris Sembroski ganhou o seu lugar através de um concurso que teve mais de 72 mil candidaturas e levou a que o St. Jude Children tivesse doações em mais de 100 milhões de euros.
Os quatro tripulantes passaram os últimos cinco meses em rigorosos preparativos, incluindo treinos em altitude ou em microgravidade, com simuladores de voo, trabalhos mais teóricos ou exames médicos.
Fontes da Inspiration4 destacam que a missão é mais do que um passeio. Uma vez em órbita, a tripulação irá fazer experiências médicas com “potenciais aplicações para a saúde humana na Terra e durante futuros voos espaciais”, referem os materiais disponibilizados para a comunicação social pela missão.
Num vídeo promocional para uma série documental para a Netflix sobre a missão, Hayley Arceneaux disse que uma grande parte da sua motivação foi o acender da esperança nos seus doentes com cancro. “Estou preparada para lhes mostrar como a vida pode ser depois do cancro”, afirmou.