Planear cidades com base num jogo? Depois de Leiria, é a vez de Viana do Castelo

Para tentar melhorar a segurança em determinadas zonas urbanas, Micael Sousa desenvolveu um jogo onde são os residentes a propor soluções para os problemas do município. O objectivo é que o jogo possa ser aplicado em qualquer território.

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Micael Sousa

Leiria está a utilizar o conceito de serious games para planear e tentar melhorar a segurança urbana do município e o objectivo é que os participantes proponham soluções para a cidade. A ideia surge no âmbito do programa europeu Urbact, segundo o qual, através da UrbSecurity – uma rede de cidades de estados-membros –, são propostas soluções para resolver problemas urbanos.

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Leiria está a utilizar o conceito de serious games para planear e tentar melhorar a segurança urbana do município e o objectivo é que os participantes proponham soluções para a cidade. A ideia surge no âmbito do programa europeu Urbact, segundo o qual, através da UrbSecurity – uma rede de cidades de estados-membros –, são propostas soluções para resolver problemas urbanos.

Neste caso, o tema era melhorar a segurança de zonas urbanas e um dos requisitos era ser participado. Aliando isto com o trabalho de Micael Sousa, doutorando em Planeamento do Território na Universidade de Coimbra, surge um jogo analógico para o planeamento urbano de Leiria.

É “um mecanismo de jogo para uma actividade séria”, começa por explicar Micael, acrescentando que este se divide em três etapas: a primeira fase consistiu em dinâmicas de jogos mais criativos para identificar problemas na zona e propor soluções; na segunda, os participantes podiam desenhar e riscar no mapa; e, depois, com os dados recolhidos nessas sessões, foi criado um jogo com base num sistema económico, onde cada jogador tem um orçamento para aplicar a diversas áreas.

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Micael Sousa

Aqui, os participantes vêem os efeitos das suas acções no território. “Este é um jogo físico analógico, onde as pessoas (que têm diferentes níveis de conhecimento) estão presencialmente e geram empatia. O importante é o processo porque, por vezes, propõem coisas e não têm noção das consequências”, refere Micael.

O jogo colaborativo, que leva cerca de uma hora a concluir, tem “um orçamento restrito que estabelece as prioridades de cada participante. É um processo de aprendizagem e partilha”, comenta o investigador por detrás do projecto. A selecção de pessoas para participar no jogo teve por base o conceito de stakeholders (representantes de interesse), como forças da autoridade ou associações culturais, contando entre 30 a 40 intervenientes.

A fase do jogo está concluída, mas o projecto tem outra etapa numa zona urbana de Leiria que ainda está a decorrer. A iniciativa começou em Setembro de 2020, mas ficou condicionada pela pandemia e, por essa razão, a última fase só terminou em Julho último. O mote é que o jogo possa ser aplicado a qualquer território e por isso é que, mais tarde, Micael pretende publicar o trabalho como investigação científica, para divulgar o método “como uma nova forma de cidadania participativa”.

Em Outubro, o investigador vai fazer um teste a este jogo noutra realidade urbana, em Viana do Castelo. A 2 de Outubro, Micael vai aplicar o mesmo sistema de jogo num workshop, durante a VianaCon – uma convenção de jogos de tabuleiro modernos. O evento é aberto ao público e a entrada é gratuita.

Texto editado por Ana Maria Henriques