Na homenagem às vítimas dos ataques, Bush recorda “uma união que parece distante”

Ex-Presidente dos EUA mostra-se preocupado com o futuro do país e denuncia “as forças malignas que transformam cada desacordo numa discussão”.

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George W. Bush esteve na cerimónia de homenagem em Shanksville, na Pensilvânia EPA/JIM LO SCALZO

Num discurso marcado pela recordação dos dias de união na sociedade norte-americana após os ataques de 11 de Setembro de 2001, o ex-Presidente dos EUA George W. Bush afirmou este sábado, no local da queda do quarto e último avião que foi sequestrado naquele dia pelos terroristas da Al-Qaeda, que há “forças malignas a trabalhar para transformarem cada desacordo numa discussão, e cada discussão num choque de culturas”.

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Num discurso marcado pela recordação dos dias de união na sociedade norte-americana após os ataques de 11 de Setembro de 2001, o ex-Presidente dos EUA George W. Bush afirmou este sábado, no local da queda do quarto e último avião que foi sequestrado naquele dia pelos terroristas da Al-Qaeda, que há “forças malignas a trabalhar para transformarem cada desacordo numa discussão, e cada discussão num choque de culturas”.

Bush, que era o Presidente dos EUA na época dos ataques, participou na homenagem anual aos 40 passageiros e tripulantes do voo 93 da United Airlines que se despenhou em Shanksville, no estado da Pensilvânia.

Mais cedo, em Manhattan, o Presidente Joe Biden e os seus antecessores Barack Obama e Bill Clinton juntaram-se para homenagearem as vítimas dos ataques contra o World Trade Center. Neste caso, as intervenções públicas foram feitas por familiares das vítimas.

A Casa Branca já tinha avançado que Biden não iria fazer nenhum discurso ao país este sábado, optando por visitar os três locais mais emblemáticos do 11 de Setembro — a zona do World Trade Center, em Nova Iorque; o Pentágono, na Virgínia; e Shanksville, na Pensilvânia.

Na noite de sexta-feira, a Casa Branca divulgou um vídeo em que o Presidente dos EUA evoca os ataques terroristas e homenageia as vítimas e as suas famílias. E, tal como George W. Bush viria a fazer mais tarde, Biden expôs a diferença entre a união que nasceu dos ataques do 11 de Setembro e as profundas divisões políticas e culturais na sociedade norte-americana actual.

“Forças malignas parecem estar a trabalhar nas nossas vidas para transformarem cada desacordo numa discussão, e cada discussão num choque de culturas”, disse Bush no seu discurso em Shanksville. “Muita da nossa política transformou-se num apelo claro à raiva, ao medo e ao ressentimento.”

Tal como outros actuais e antigos responsáveis das estruturas de poder dos EUA, o ex-Presidente norte-americano mostrou-se “preocupado com o futuro da nação”.

“Estou aqui sem explicações nem soluções”, disse Bush. “Apenas posso dizer-vos o que testemunhei. No dia de luto da América, vi milhões de pessoas a agarrarem na mão dos seus vizinhos de forma instintiva e a unirem-se. Essa é a América que eu conheço.”

A principal nota de contraste entre o discurso de Bush e a comunicação gravada de Biden foi a forma como os dois responsáveis abordaram a questão do tratamento das comunidades muçulmanas dos EUA na sequência dos ataques.

Enquanto Biden sublinhou que os muçulmanos norte-americanos foram alvo “do medo, da raiva e da violência”, Bush — ele próprio acusado, pelas comunidades muçulmanas, de ter imposto políticas discriminatórias nos anos que se seguiram aos ataques — elogiou a resposta da sociedade norte-americana à ameaça da intolerância religiosa. 

“Numa altura em que a intolerância religiosa podia ter triunfado, vi americanos a acolherem pessoas da fé muçulmana. Essa é a América que eu conheço”, afirmou Bush.