Fernando Tordo recorda Ary em Beja e prepara-se para lançar dois novos álbuns

O cantor e compositor Fernando Tordo volta aos espectáculos na primeira edição do Festival Palcos com História, este domingo, e prepara dois álbuns: um gravado durante a pandemia e outro escrito no hospital, quando esteve internado a lutar com a covid-19.

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Fernando Tordo DR

Quando a música começa, aos poucos, a reocupar os palcos que a pandemia obrigou a esvaziar, registam-se os regressos. Um deles é o de Fernando Tordo, que chegou a estar hospitalizado durante um mês, no início deste ano, depois de ter sido infectado com o novo coronavírus. Mesmo assim não parou: escreveu um disco inteiro no hospital, gravou outro durante o confinamento e agora volta aos palcos na primeira edição do Festival Palcos com História, que começa este sábado com os Virgem Suta no Castelo de Beja (21h30), onde Tordo actuará da noite de domingo (21h).

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Quando a música começa, aos poucos, a reocupar os palcos que a pandemia obrigou a esvaziar, registam-se os regressos. Um deles é o de Fernando Tordo, que chegou a estar hospitalizado durante um mês, no início deste ano, depois de ter sido infectado com o novo coronavírus. Mesmo assim não parou: escreveu um disco inteiro no hospital, gravou outro durante o confinamento e agora volta aos palcos na primeira edição do Festival Palcos com História, que começa este sábado com os Virgem Suta no Castelo de Beja (21h30), onde Tordo actuará da noite de domingo (21h).

De Beja, o festival transfere-se depois para Lisboa, noutro palco histórico, o do palácio Baldaya (em Benfica), com Os Azeitonas e os Quinta do Bill, respectivamente a 24 e 25 de Setembro (21h30). Com produção da Contos da Praça, este novo festival tem apoio o conjunto da Câmara Municipal de Beja e da Junta de Freguesia de Benfica, ao abrigo do programa Garantir Cultura.

Em Beja, será retomado o espectáculo Fernando Tordo & Ary dos Santos - As histórias das canções, que tem percorrido palcos desde 2018 e que o seu autor descreve assim ao PÚBLICO: “Estou eu e os meus dois músicos, que são também os meus arranjadores, o Valter Rolo (piano) e o Lino Guerreiro (saxofone e flauta) e o concerto vai centrar-se no meu trabalho com o Ary, não só as cantigas, mas as histórias que as rodearam e que muita gente não sabe. Alguns até pensam que foi o Ary que fez as canções, quando ele pegava em músicas já feitas e depois fazia as letras que hoje são famosas, como a Estrela da tarde. E é interessante eu contá-las, porque sou o único que sobra e porque elas lembram aquelas noites, tardes e manhãs em casa do Ary.”

Um álbum escrito a lidar com o vírus

“Quando estive hospitalizado, tive de tomar uma opção: para não me entubarem, porque me ia lesar as cordas vocais (e eles tiveram muita atenção com isso, embora eu não tivesse pedido), chegaram ao limite do tratamento com uma máscara que é uma violência. Então pensei: no estado em que estou, não vou conseguir adormecer com isto. Por isso, decidi não dormir. Excepto quando adormecia por exaustão, por cansaço, mas isso já era o corpo a pedir. Por minha determinação, não dizia: vou dormir. Como passei madrugadas acordado, só dormia um bocado durante o dia, comecei a escrever uma coisa que se vai chamar A Suite das Mulheres de Azul.”

Os textos foram todos escritos no hospital e só começou a musicá-los um dia depois de regressar a casa. “Estive hospitalizado de 25 de Janeiro a 22 de Fevereiro, apanhei a pior fase da covid-19. Depois, à medida que escrevia as músicas, enviava-as para os orquestradores.” Antes do disco integral, que poderá sair em 2022, Fernando Tordo pensa que os textos poderão ser editados previamente “num pequeno livrinho”, a que se juntará uma pen com dois temas instrumentais. “Apenas como um pré-aviso para o que vai sair. Já não é pouco, e é muito entusiasmante.”

O título, A Suite das Mulheres de Azul, resulta da experiência hospitalar do cantor. “Foi uma experiência pesada, mas muito interessante, porque num dos sítios onde eu estive (onde depois estiveram aqueles alemães que vieram para cá, para o Hospital da Luz, com tecnologia que nunca mais acabava), via o processo todo do pessoal, desde os médicos aos enfermeiros e às senhoras da limpeza. E andavam de azul, o que eu fixei foi a cor, daí A Suite das Mulheres de Azul. Cheguei a ver pessoas vestirem-se todas com roupa de protecção e, seis ou sete minutos depois, tirar tudo, deitar fora e vestir outra. Não são pessoas deste mundo, para suportar aquilo...”

A capa do disco, revela Fernando Tordo, é da autoria do pintor Henrique Vaz Duarte, seu amigo: “É a figura de uma médica, ou enfermeira, com a máscara e tudo isso. É uma coisa fabulosa.”

Os fados que ele fez e agora gravou

Mas antes sairá um outro álbum, já pronto. “Chama-se Os Fados Que Eu Fiz. Não são todos os fados, evidentemente, são alguns – e alguns até originais, um que canto com o Paulo de Carvalho e outro com a Cuca Roseta, porque foram feitos especialmente para eles. Foi gravado durante a pandemia, umas vezes em casa, outras enviando partes pela internet. Hoje, com o digital, é uma loucura. Grava-se um disco e de vez em quando vai-se ao estúdio, mas só de vez em quando.”

A edição deste disco poderá ser também antecedida de uma pré-venda com uma pen, em lugar de um simples cartão. “As pessoas precisam de receber qualquer coisa, que não seja só pagar e ficar à espera. A pessoa leva a pen com dois ou três temas, vai já ouvindo e, entretanto, pagou o CD.” A publicação do CD deverá, segundo Fernando Tordo, ocorrer em Outubro ou Novembro.