Líbano forma novo Governo após mais de um ano de impasse político
Há 13 meses que se arrastava a crise política no país devido à incapacidade de formar um novo Governo, depois da demissão do anterior por causa da explosão no porte de Beirute em Agosto de 2020.
O primeiro-ministro nomeado, Najib Mikati, e o Presidente do Líbano, Michel Aoun, chegaram a um consenso para um novo Governo, avançou esta sexta-feira a presidência libanesa numa declaração, mais de um ano depois de o último executivo se ter demitido na sequência da catastrófica explosão no porto de Beirute.
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O primeiro-ministro nomeado, Najib Mikati, e o Presidente do Líbano, Michel Aoun, chegaram a um consenso para um novo Governo, avançou esta sexta-feira a presidência libanesa numa declaração, mais de um ano depois de o último executivo se ter demitido na sequência da catastrófica explosão no porto de Beirute.
O novo gabinete de 24 ministros, liderado pelo empresário e antigo primeiro-ministro Najib Mikati, foi anunciado pela presidência, depois de Aoun ter oficializado o novo executivo.
Num discurso emocional no Palácio Presidencial, Mikati falou do sofrimento dos libaneses, apelando à unidade nacional para tirar o país da crise. “A situação é muito difícil e todos sabemos isso”, disse Mikati, “mas não é impossível se todos nos unirmos enquanto libaneses”.
A catastrófica explosão no porto de Beirute, a 4 de Agosto de 2020, que vitimou mais de 200 pessoas, forçou a demissão do Governo do primeiro-ministro Hassan Diab, que se manteve interinamente à espera de haver novo executivo, ao mesmo tempo que o país se afundava numa gravíssima crise económica.
Mikati, um magnata da cidade de Trípoli e um dos homens mais ricos do Líbano, foi encarregado em Julho de formar um novo Governo. Será a terceira vez que assume a função de primeiro-ministro, tendo assumido o cargo em 2005, em 2011 e 2013.
O primeiro-ministro tem o desafio acrescido de responder à maior ameaça à estabilidade do país desde a guerra civil de 1975-1990: a crise económica considerada pelo Banco Mundial, uma das mais profundas da história moderna.
Desde o final de 2019 que a libra libanesa desvalorizou mais de 90% face ao dólar, o desemprego disparou, empresas e lojas fecharam no meio de uma inflação galopante, empurrando 78% da população para a pobreza. E nos últimos meses têm-se registado longos cortes de energia e escassez de bens, influenciada pela incapacidade financeira do Líbano para subsidiar a importação de bens alimentares e combustível.
O anúncio também surgiu depois de vários contactos com a França, que liderou os esforços para conseguir o apoio dos líderes de várias facções ao novo governo e começar as reformas necessárias, disseram fontes políticas libanesas à Reuters.
Espera-se que o novo Executivo retome as negociações com o Fundo Monetário Internacional para conseguir ajuda internacional, que estava dependente da formação de um novo governo. Mikati também informou que as eleições parlamentares previstas para a próxima Primavera devem mesmo realizar-se.
UE aplaude
O Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, aplaudiu esta sexta-feira a formação do novo Governo libanês, que põe fim ao bloqueio institucional que durava há mais de um ano. Mas pediu que o novo executivo trabalhe nas reformas sociais e económicas e na organização das eleições de 2022.
“Dou as bem-vindas ao anúncio do Presidente e do novo primeiro-ministro pela assinatura de um decreto para formar um Governo no Líbano”, disse Borrell numa mensagem nas suas redes sociais.
Nos últimos meses, a pressão internacional para que os actores políticos libaneses formassem um novo executivo chegou de todas as frentes, mesmo da UE, que em Julho estabeleceu um conjunto de sanções para responder à crise política.