Povoamentos de carvalho-negral estão a secar na serra de São Mamede mas desconhecem-se as causas

O concelho de Castelo de Vide é o mais afectado por um surto que só pontualmente tem aparecido em povoamentos desta espécie de Quercus no centro e norte do país.

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O PÚBLICO solicitou esclarecimentos ao ICNF mas não obteve resposta Quercus,Quercus

É a primeira vez que se observa o fenómeno. Milhares de carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) apresentam as folhas amarelas e secas em inúmeros exemplares localizados no interior do Parque Natural da Serra de São Mamede. O surto, cuja causa ainda não está identificada, “abrange os concelhos de Portalegre e de Castelo de Vide”, adiantou ao PÚBLICO José Janela da direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus (ANCN), frisando que o maior número de árvores afectadas se encontra no concelho de Castelo de Vide. “Podemos vê-las em redor da vila alentejana e na estrada que liga à freguesia de Póvoa e Meadas”, precisou o dirigente da Quercus.

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É a primeira vez que se observa o fenómeno. Milhares de carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) apresentam as folhas amarelas e secas em inúmeros exemplares localizados no interior do Parque Natural da Serra de São Mamede. O surto, cuja causa ainda não está identificada, “abrange os concelhos de Portalegre e de Castelo de Vide”, adiantou ao PÚBLICO José Janela da direcção do Núcleo Regional de Portalegre da Quercus (ANCN), frisando que o maior número de árvores afectadas se encontra no concelho de Castelo de Vide. “Podemos vê-las em redor da vila alentejana e na estrada que liga à freguesia de Póvoa e Meadas”, precisou o dirigente da Quercus.

São “muitos hectares” de área coberta com carvalho-negral, acrescenta José Janela, indicando que se trata de uma espécie de carvalhos que ocorre principalmente no norte e no centro do país, mas que “tem na Serra de São Mamede um núcleo importante”, que se encontra isolado das restantes populações. No norte alentejano, os carvalhos-negrais integram o sistema de montado

A presença desta espécie na Serra de São Mamede beneficia do relevo elevado - o ponto mais alto a sul do Tejo com 1027 metros - que funciona como uma barreira de condensação da humidade. José Janela explica que o ar, “vindo do oceano, sobe, arrefece”, facto que provoca uma maior precipitação na serra do que nas zonas circundantes. Esta elevação surge, assim, como uma “ilha climática” que dá suporte a uma “grande” biodiversidade de flora e de fauna.

O número de exemplares secos observa-se com “maior intensidade nas zonas mais baixas da serra de São Mamede, sobretudo nas árvores isoladas ou onde se verifica maior actividade humana”, constata o dirigente da Quercus, dando conta que ainda não lhe foi possível identificar a real dimensão do surto que “poderá já ter atingido o concelho de Marvão” mas ainda não foi possível confirmar. Mas admite que as árvores possam estar a ser afectadas pela presença do pulgão-dos-carvalhos (Altica quercetorum) que, segundo alguns especialistas, “em condições favoráveis, como invernos secos e eventualmente verões de grande humidade, pode aumentar o ataque da praga”.

Os surtos ocorrem pontualmente no centro e norte do país, com mais incidência em situações com alguma degradação e desequilíbrio do ecossistema, “o que indicia ser um indicador de continuada degradação do carvalhal devido à acção humana”, presume o ambientalista. Normalmente, em manchas de carvalhal de maior dimensão e melhores condições de equilíbrio do ecossistema, “tal não ocorre ou a incidência é baixa”.

José Janela diz que na última reunião da comissão de co-gestão do Parque Natural da Serra de São Mamede o assunto foi exposto pela Quercus. E foi referido que “vários habitantes e proprietários de terrenos já tinham também contactado a autarquia de Castelo de Vide, manifestando preocupação com esta situação”.

O dirigente da Quercus revelou que um representante do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) esteve presente na referida reunião mas ainda não houve indicação de que os seus técnicos se tenham deslocado ao local da serra onde se encontram os carvalhos-negrais com folhagem seca para interpretar as causas do surto.

Por sua vez a associação ambientalista também oficiou o ICNF da dimensão do fenómeno, mas até ao momento não obtive resposta, até porque o carvalho-negral não dispõe de nenhuma protecção legal.

Recorde-se que a organização ambientalista Quercus adoptou como símbolo uma folha e uma bolota de Quercus pyrenaica, uma espécie representativa da floresta e biodiversidade portuguesa que “urge proteger”, assinala José Janela.

O PÚBLICO solicitou esclarecimentos ao ICNF mas não obteve resposta.