Seis sindicatos admitem greve conjunta contra despedimentos no BCP e Santander

Cortes de milhares de postos de trabalho, boa parte deles já concretizados, e ameaça de despedimentos colectivos no BCP e no Banco Santender Totta junta sindicatos.

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PAULO RICCA / PUBLICO

Seis dos sete sindicatos do sector bancário admitem avançar para a greve, ainda em Setembro, se o BCP e o Banco Santander Totta não recuarem na ameaça de despedimentos colectivos. Em reunião realizada esta terça-feira, o SNQTB, o Mais Sindicato, o SBN, o SIB, o SBC, e o SinTAF​ “decidiram solicitar, com carácter de urgência, uma reunião às comissões executivas do BCP e BST [Banco Santander Totta], tendo como pano de fundo os processos de reestruturação em curso”.

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Seis dos sete sindicatos do sector bancário admitem avançar para a greve, ainda em Setembro, se o BCP e o Banco Santander Totta não recuarem na ameaça de despedimentos colectivos. Em reunião realizada esta terça-feira, o SNQTB, o Mais Sindicato, o SBN, o SIB, o SBC, e o SinTAF​ “decidiram solicitar, com carácter de urgência, uma reunião às comissões executivas do BCP e BST [Banco Santander Totta], tendo como pano de fundo os processos de reestruturação em curso”.

Na reunião desta terça-feira também participou o sétimo sindicato do sector, o STEC - Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD, que se manifestou solidário com a possibilidade de marcação de greve conjunta, mas como se trata de um sindicato de empresa, exclusivamente do universo Caixa, não pode participar numa possível greve noutros bancos.

Em comunicado, as estruturas sindicais adiantam que “vão exigir o fim imediato de qualquer intenção de despedimento colectivo ou de figuras análogas. Se esta exigência não for atendida, estes sindicatos irão declarar uma greve conjunta [no BCP e no Santander], a realizar ainda no corrente mês de Setembro”.

No encontro, as estruturas sindicais analisaram a situação dos trabalhadores bancários, “em particular, sobre as situações específicas do Banco Santander Totta, Banco Comercial Português, Caixa Geral de Depósitos, Montepio Geral e Parvalorem [ex-trabalhadores do BPN]”.

Recorde-se que o Santander anunciou recentemente ter desencadeado o processo para o despedimento colectivo de 350 trabalhadores que não aceitaram, de um universo de 685, as propostas de saída. Entretanto, esta terça-feira, fonte oficial do Santander disse à Lusa que aumentou o número de trabalhadores com quem chegou a acordo, são agora 455, e diminuiu os que poderão ser integrados no despedimento, para 230.

A redução do número de trabalhadores naquele banco, ao longo de 2021, deverá superar os mil, como admitiu o seu presidente, no Parlamento.

No caso do BCP, a possibilidade de despedimento colectivo, e de acordo com informação recente da instituição, pode abranger cerca de 100 trabalhadores que não aceitaram a rescisão voluntária. O processo em curso pretende reduzir entre 800 e mil postos de trabalho.

O Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB) já tinha convocado um dia de greve para cada uma das instituições. No Banco Santander para o próximo dia 13, do corrente mês, e no BCP para o próximo dia 17, datas que poderão sofrer alterações no caso de greve conjunta dos seis sindicatos.

Também os três sindicatos afectos à UGT, o Mais Sindicato, o Sindicato dos Bancários do Centro e do Norte, já tinham avançado com a ameaça de greve no sector, se as duas instituições não recuarem nos processos de despedimento em curso.

As três estruturas sindicais reuniram-se na passada sexta-feira com o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e com a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, para lhes apresentarem “o drama vivido no sector no último ano”, com as saídas em curso de milhares de trabalhadores. Nesse encontro, “o ministro da Economia comprometeu-se a falar com os presidentes dos dois bancos, de forma a travar o recurso a despedimentos colectivos”, adiantou ao PÚBLICO a directora do Mais Sindicato, Cristina Damião.

Os bancos a operar em Portugal tinham no final do ano passado menos 2066 trabalhadores e 655 balcões do que em 2019, atingindo no ano passado o número de agências mais baixo desde 1996 e o menor número de funcionários pelo menos desde 1992, revelam dados do banco de Portugal.

Os bancos, que tem apresentado lucros, têm justificado a necessidade de redução da estrutura com a maior digitalização da actividade bancária, mas também por outros condicionalismos, como os custos decorrentes das taxas de juro negativas numa parte dos créditos em stock.

Notícia actualizada às 20h40, com informação relativa ao número de trabalhadores que aceitou a rescisão por mútuo acordo no Santander