Ex-líderes mundiais “profundamente preocupados” com manifestações pró-Bolsonaro

Mais de 150 políticos progressistas de vários países acusam o Presidente brasileiro de ameaçar as instituições democráticas e dizem temer golpe de Estado.

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Bolsonaro tem atacado as principais instituições políticas e judiciais brasileiras ADRIANO MACHADO / Reuters

A possibilidade de violência e ataques contra as instituições políticas e judiciais brasileiras durante as manifestações pró-governamentais desta terça-feira, quando se assinala o Dia da Independência do Brasil, estão a causar preocupação junto de vários antigos líderes e dirigentes políticos de todo o mundo.

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A possibilidade de violência e ataques contra as instituições políticas e judiciais brasileiras durante as manifestações pró-governamentais desta terça-feira, quando se assinala o Dia da Independência do Brasil, estão a causar preocupação junto de vários antigos líderes e dirigentes políticos de todo o mundo.

Mais de 150 políticos de 26 países – nenhum de Portugal – subscrevem uma carta em que dizem estar “profundamente preocupados” com as ameaças deixadas pelo Presidente Jair Bolsonaro contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF). A celebração do Dia da Independência, a 7 de Setembro, tem servido para Bolsonaro promover e incitar manifestações em todo o país de apoiantes como forma de pressionar estas instituições, contra as quais está em guerra declarada há meses.

“Neste momento, o Presidente Jair Bolsonaro e seus aliados — incluindo grupos supremacistas brancos, a polícia militar e funcionários públicos em todos os níveis de governo — estão preparando uma marcha nacional contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso em 7 de Setembro, aumentando os temores de um golpe de Estado na terceira maior democracia do mundo”, escrevem os dirigentes na carta que foi publicada pela Progressive International, uma rede internacional de organizações de esquerda. Entre os signatários estão o antigo chefe de Governo de Espanha, José Luis Rodriguez Zapatero, o ex-Presidente paraguaio, Fernando Lugo, o académico norte-americano Noam Chomsky e o antigo ministro grego Yanis Varoufakis.

No comunicado estabelece-se um paralelismo entre as manifestações programadas para esta terça-feira e a invasão do Capitólio dos EUA, em Washington, em Janeiro, incitada pelo então Presidente Donald Trump. Tal como Trump durante as eleições do ano passado, Bolsonaro também tem semeado dúvidas sobre o sistema de voto no Brasil, alegando ser permeável a fraudes e que apenas isso poderá explicar uma possível derrota nas presidenciais do próximo ano. As sondagens têm mostrado uma contínua deterioração da popularidade do chefe de Estado desde o início do ano.

Enfraquecido e averbando derrotas atrás de derrotas, Bolsonaro tem radicalizado o seu discurso nas últimas semanas, sobretudo contra os juízes do STF, tendo até apresentado um pedido de afastamento de um dos seus membros – algo inédito desde a redemocratização. Em causa estavam as ordens de prisão dadas pelo juiz Alexandre de Moraes contra alguns dos aliados mais próximos do Presidente brasileiro, acusados de incitar actos contra a ordem democrática.

Desde então, Bolsonaro não tem poupado em críticas e ataques contra vários titulares de cargos públicos e tem usado as manifestações desta terça-feira como teste ao seu próprio peso entre a população. Na sexta-feira, o Presidente brasileiro acusou “duas ou três pessoas” de querer dar um “novo rumo” ao país. “Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira, dia 7, será um ultimato para essas duas pessoas”, declarou Bolsonaro.