De gravata e calças de ganga, o eurodeputado segue viagem no PSD com elogios no bolso

Paulo Rangel foi o convidado da candidatura autárquica de Alcobaça. Não falou do partido nem tirou selfies.

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Paulo Rangel a discursar num congresso do PSD (foto de arquivo) Miguel Manso

No palco, um cartaz promovia o convidado da sessão com um teaser — “Paulo Rangel, uma visão de futuro”. Na plateia do auditório, ao final do dia de quarta-feira, apoiantes e candidatos do PSD à Câmara de Alcobaça ouviam, em silêncio, o eurodeputado, interrompendo com palmas de vez em quando. Não falou do partido nem se alongou nos comentários sobre o país. São eleições autárquicas e Paulo Rangel adaptou o discurso ao local. 

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No palco, um cartaz promovia o convidado da sessão com um teaser — “Paulo Rangel, uma visão de futuro”. Na plateia do auditório, ao final do dia de quarta-feira, apoiantes e candidatos do PSD à Câmara de Alcobaça ouviam, em silêncio, o eurodeputado, interrompendo com palmas de vez em quando. Não falou do partido nem se alongou nos comentários sobre o país. São eleições autárquicas e Paulo Rangel adaptou o discurso ao local. 

A sua intervenção foi o remate de cinco discursos de protagonistas locais — da candidata à junta de freguesia da Benedita ao cabeça de lista à câmara de Alcobaça que Paulo Rangel escutou disciplinadamente sentado na primeira fila. Quando chegou ao púlpito, destacou um ou outro aspecto de cada um dos anteriores discursos num tom elogioso, socorrendo-se de notas que levou em papel. Falou da história de Alcobaça e saudou de forma muito positiva o slogan da campanha (“Aqui e consigo”) de Hermínio Rodrigues, o candidato do PSD que tentará suceder ao actual presidente social-democrata Paulo Inácio.   

De casaco tweed, gravata e calças de ganga, o eurodeputado disse ver o encontro como “um acto de cidadania”, elogiou os autarcas em geral “deram a cara pela pandemia e arriscaram a sua vida pela dos outros” e arrancou uma vigorosa salva de palmas na única vez em que criticou o Governo por beneficiar quem não precisa. Depois de 10 minutos de discurso, as palmas, as bandeiras ao alto e alguns cumprimentos dos candidatos encerraram a sessão. Sem selfies e sem outras interpelações de militantes anónimos ao convidado. Abordado por jornalistas, Rangel queria escapar às perguntas. Desvalorizou as suas presenças nesta campanha eleitoral “toda a vida acompanhei autárquicas mas assegurou que “estará onde as pessoas estiverem” e “em alguns sítios”. No corredor de acesso à saída do auditório do centro cultural Gonçalves Sapinho, as conversas continuaram à volta da campanha autárquica local.

Nos últimos dois meses, Paulo Rangel aceitou convites para estar presente em iniciativas autárquicas do PSD num roteiro que pode ser útil para quem aspira a outros lugares no partido. Nessa ronda já esteve com candidatos que foram apoiantes de Rui Rio, Luís Montenegro e de Miguel Pinto Luz nas eleições internas. Nesta quarta-feira, uma hora e meia depois da sessão na Benedita, em Alcobaça, o eurodeputado seguiu para Porto de Mós, onde esteve na apresentação do programa eleitoral do candidato à câmara, Jorge Vala, que foi apoiante de Rui Rio nas últimas directas. Aí, tal como em Alcobaça, uma voz off leu a mesma nota biográfica do convidado: quando e onde nasceu, estudou, e como se define “um cristão de cultura católica e federalista”. A única referência política ao partido feita na breve apresentação é ao fundador do PSD, que morreu em Camarate. “Ainda em criança vibrava com a política: o PPD e Sá Carneiro”. Fica, assim, apresentado um possível candidato à liderança do PSD num futuro próximo.