Francisco Pinto Balsemão: “No segundo mandato de Marcelo vejo hesitação”
Foi esta a sequência da sua vida: jornalista, deputado da ala liberal, patrão de imprensa, primeiro-ministro, homem dos media e ainda jornalista. Viveu intensamente em dois regimes, um de que não gostava, outro do qual foi um dos criadores. Para quem não se lembra, foi dele e de Mário Soares a primeira revisão constitucional. Que não foi coisa pouca.
Na semana em que lançou umas volumosas Memórias e em que cumpriu 84 anos, Francisco Pinto Balsemão falou ao PÚBLICO de política, dos governos e do partido, o PSD que fundou. Aborda as suas origens e evolução, revela que havia um informador do regime na ala liberal que ainda hoje se recusa a identificar. Recorda as guerras quando liderou o Governo e o partido, após a morte de Francisco Sá Carneiro no acidente de Camarate. Refere a oposição constante de Eurico de Melo e de Cavaco Silva. Escreve, preto no branco, que o cavaquismo o votou ao ostracismo, quando esta semana foi homenageado por um primeiro-ministro socialista, António Costa. De Marcelo Rebelo de Sousa, para além da repetição da lenda da rã e do escorpião, cujo instinto é mais forte do que a vontade, afirma que neste segundo mandato presidencial vê hesitações. “Não é fácil estar de bem com Deus e com o Diabo”, conclui.