Marcelo convicto de que Costa sai em 2023: “Foi o congresso da despedida”

Ausência de anúncio de reformas no congresso de Portimão, colocação de um prazo para decisão sobre o seu futuro político e alinhamento dos possíveis sucessores são sinais que não deixam dúvidas ao Presidente da República.

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Nuno Ferreira Santos

A leitura de Belém do 23.º Congresso do PS do passado fim-de-semana, em Portimão, é só uma. O secretário-geral e primeiro-ministro António Costa não se recandidata em 2023. “A minha análise é que ele não se recandidata”, partilhou Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, citado pelo Expresso

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A leitura de Belém do 23.º Congresso do PS do passado fim-de-semana, em Portimão, é só uma. O secretário-geral e primeiro-ministro António Costa não se recandidata em 2023. “A minha análise é que ele não se recandidata”, partilhou Marcelo Rebelo de Sousa em Belém, citado pelo Expresso

“Este foi o congresso da despedida”, ouviu o PÚBLICO de fonte da Presidência da República, reiterando a posição de Marcelo noticiada pelo semanário. “As grandes questões ficaram de fora e todos os possíveis sucessores foram postos na mesa”, nota a mesma fonte, sublinhando que a questão da sucessão foi colocada pelo próprio António Costa, “ao estabelecer um prazo” de decisão sobre o seu futuro político.

Segundo a edição desta sexta-feira do Expresso não há lugar a qualquer tabu. O final da legislatura marcará o fim do ciclo de António Costa à frente dos socialistas e vai abrir via à apresentação de um novo candidato. Mas para isso, o PS terá de fazer o congresso de 2023 mais cedo, no máximo na Primavera, para dar tempo ao futuro líder de se posicionar para as legislativas do Outono desse ano.

Os sinais que Marcelo Rebelo de Sousa soma para a sua análise são vários. Desgaste pessoal de Costa e falta de perspectivas independentemente de conseguir, ou não, um lugar na Europa, e sobretudo a ausência, no congresso, de anúncios de reformas para o país, quando o Governo dispõe do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e dos milhões de Bruxelas que permitiriam lançar uma agenda reformista. Na Presidência da República é ponto assente que, se a aprovação do Orçamento do Estado (OE) para 2022 está praticamente garantida pelo PCP, o último da legislatura, para 2023 está em risco, uma vez que o PCP parece estar a atingir o limite da cooperação.

No horizonte político de Costa - antecipado em Belém como fora de portas ou, pelo menos, da liderança do PS e do Governo -, pode constar a presidência do Conselho Europeu, que vaga em 2024, uma corrida ao Parlamento Europeu (PE) para, depois, se candidatar à presidência do PE ou tentar chegar ao cargo máximo, no Conselho Europeu. Se este movimento externo falhar, em Belém antecipa-se uma possível candidatura de António Costa a Presidente da República, em 2026.

Este calendário não coloca em xeque os princípios já anunciados por Marcelo Rebelo de Sousa para esta primeira parte do segundo mandato: estabilidade política até 2023, o que implica necessariamente não haver crises nem eleições antecipadas, e a exigência na implementação do PRR.

Para já, o Presidente prepara-se para passar grande parte do mês de campanha autárquica fora do país (vai a Roma à reunião do Grupo de Arraiolos e a Nova Iorque para participar na Assembleia Geral das Nações Unidas). Depois virá a discussão do OE e as directas do PSD, no início do próximo ano, onde se decidirá quem será o líder da oposição no próximo ciclo político.

Quanto ao futuro pós Costa, Belém não tem certezas sobre o relacionamento que terá com o sucessor do actual primeiro-ministro, esperando, contudo, um embate forte entre esquerda e direita nas legislativas de 2023.

Artigo actualizado às 18h09 com novas informações da Presidência da República