Eram garrafas de plástico, agora são fatos de protecção contra o coronavírus
Milhões de garrafas de plástico foram recolhidas, desfeitas e transformadas em fios para, mais tarde, serem usados em tecidos de equipamentos de protecção individual.
Com abundância de plástico desperdiçado, mas escassez de equipamentos de protecção individual (EPI), a Tailândia está a transformar lixo em verdadeiros tesouros, reaproveitando garrafas para criar roupas de protecção para pessoas em risco de infecção por coronavírus.
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Com abundância de plástico desperdiçado, mas escassez de equipamentos de protecção individual (EPI), a Tailândia está a transformar lixo em verdadeiros tesouros, reaproveitando garrafas para criar roupas de protecção para pessoas em risco de infecção por coronavírus.
Milhões de garrafas de plástico foram recolhidas, desfeitas e transformadas em fios para, mais tarde, serem usados em tecidos de EPI, seja em hospitais ou templos budistas, onde monges têm cremado vítimas de coronavírus.
O esforço ocorre no momento em que a Tailândia regista mais de 1,1 milhão de infecções por coronavírus e 12 mil mortes desde Abril de 2021.
“Há alturas em que é muito difícil conseguir fatos de protecção individual; por vezes, mesmo que se tenha dinheiro, não se conseguem comprar”, disse Phra Maha Pranom Dhammalangkaro, do templo de Chakdaeng, na província de Samut Prakan, perto de Banguecoque. “Agora estamos a fazer isto com a reciclagem das garrafas de plástico; então o que era lixo passou a ter valor.”
Os voluntários do templo estão a costurar fatos cor de laranja para os monges, agentes funerários e trabalhadores de recolha do lixo e estão a ser enviados para milhares de templos necessitados em todo o país.
Embora não sejam considerados equipamento médico, estes fatos fornecem, pelo menos, alguma protecção aos potencialmente expostos à covid-19, e um fato de EPI pode ser feito com recurso a apenas 18 garrafas de plástico.
O tecido para EPI está a ser doado por uma fábrica têxtil da província de Rayong, que costuma fazer tecidos para algumas das principais marcas internacionais. Na fábrica, os fios são feitos a partir de garrafas recicladas e enrolados num rolo gigante, depois entrelaçados em tecido que é tratado para se tornar resistente à água.
“Isso evita que partículas de poeira se infiltrem e o vírus entre em contacto connosco”, disse Arnuphap Chompuming, chefe de vendas e marketing da empresa têxtil Thai Taffeta, que opera a leste de Banguecoque. Cerca de 18 milhões de garrafas de plástico foram usados desde meados de 2020 para o fabrico de tecidos para EPI, posteriormente enviados para hospitais em toda a Tailândia, acrescentou.
Dhammalangkaro disse que o projecto de reciclagem estava a ajudar a garantir que mais pessoas expostas ao coronavírus fossem protegidas, não apenas os profissionais da saúde. “Estamos a salvar vidas e o meio ambiente também.”