Nova política chinesa para a televisão impõe descida dos salários das estrelas e bane estéticas “efeminadas”

A Administração Nacional de Rádio e Televisão da China anunciou esta quinta-feira que vai apertar as regras, reprimindo conteúdos considerados insalubres e impondo às estações televisivas que cultivem uma “atmosfera patriótica” nas suas emissões.

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Simon Bruty/EPA

A Administração Nacional de Rádio e Televisão da China anunciou esta quinta-feira num comunicado online que vai apertar as regras aplicáveis aos programas televisivos, reprimindo conteúdos considerados insalubres, limitando os salários das estrelas e punindo severamente a evasão fiscal. Também o Ministério da Cultura e do Turismo e a Associação Chinesa para as Artes Performativas emitiram esta quinta-feira novas disposições destinadas a “moralizar” a indústria do entretenimento da segunda maior economia mundial.

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A Administração Nacional de Rádio e Televisão da China anunciou esta quinta-feira num comunicado online que vai apertar as regras aplicáveis aos programas televisivos, reprimindo conteúdos considerados insalubres, limitando os salários das estrelas e punindo severamente a evasão fiscal. Também o Ministério da Cultura e do Turismo e a Associação Chinesa para as Artes Performativas emitiram esta quinta-feira novas disposições destinadas a “moralizar” a indústria do entretenimento da segunda maior economia mundial.

A escolha de actores e convidados deverá ser cuidadosamente controlada, passando a literacia política e a conduta moral a fazer parte dos critérios de selecção. As estações de televisão são agora chamadas a barrar os programas a artistas com “posições políticas incorrectas” e a cultivar uma “atmosfera patriótica” nas suas emissões. 

O comunicado acima referido também indica que não haverá mais espaço na oferta televisiva para gostos “deformados”, referindo explicitamente a intenção de banir estéticas “efeminadas”. Conteúdos de entretenimento que envolvam celebridades "vulgares" da Internet, escândalos ou ostentação de riqueza serão igualmente rejeitados. As figuras do entretenimento televisivo serão encorajadas a participar em programas de promoção do bem-estar público e a assumir responsabilidades sociais, acrescenta a mesma nota. 

O culto das celebridades, considerado “insalubre”, será reprimido, e os segmentos dos programas televisivos em que os espectadores são encorajados a votar ficarão sujeitos a um controlo apertado, passando a estar estritamente proibidas quaisquer votações que envolvam pagamento de quantias em dinheiro.

No âmbito de um vasto conjunto de medidas repressivas e de uma agenda musculada para a redução das desigualdades, a China tem vindo a colocar pressão sobre aquilo que descreve como uma cultura “caótica” de devoção às celebridades e a apontar a mira a várias estrelas nacionais após uma série de casos controversos de evasão fiscal e agressões sexuais. Algumas figuras do entretenimento frequentaram recentemente cursos organizados pelo governo sobre a história do Partido Comunista Chinês e fizeram a sua autocrítica.

Num evento em Pequim no final de Agosto, estrelas de cinema como Zhou Dongyu e Du Jiang leram um depoimento criticando as estrelas que “pisaram o risco”, apelando aos artistas para não se tornarem “escravos do mercado” e assumirem as suas responsabilidades perante a sociedade, segundo mostra um vídeo exibido por um meio de comunicação social local. Os artistas devem “escalar corajosamente as montanhas da arte sob a liderança do Partido”, exclamaram, desencadeando o aplauso da assistência.

Paralelamente, as disposições emitidas pelo Ministério da Cultura e do Turismo e pela Associação Chinesa para as Artes Performativas impõem agora que os artistas, incluindo as novas estrelas do livestreaming, se submetam a formações periódicas em ética profissional, e determinam ainda que as agências cancelem os contratos com intérpretes que não possuam “disciplina moral”.

Os reguladores chineses estão a apertar a vigilância sobre diversas áreas, da tecnologia à educação, de modo a reforçar o controlo sobre a sociedade e sectores-chave da economia após anos de crescimento descontrolado. Na segunda-feira tinham já sido introduzidas novas regras limitando o tempo que as crianças podem passar a brincar com videojogos.

A China aplica regras muito restritivas a vários tipos de conteúdos, dos videojogos aos filmes e à música, e censura tudo o que considera violar os seus valores socialistas nucleares.

Nos últimos meses, as autoridades do país e os meios de comunicação detidos pelo Estado lamentaram a efeminização dos rapazes chineses e criticaram as estrelas masculinas que usam maquilhagem carregada e projectam uma imagem feminina.