Portugueses vivem “vida normal” apesar do aumento da violência em Marselha
Apesar de não a presenciarem, os luso-descendentes consideram “triste” a situação que se vive actualmente na cidade, com uma série de homicídios relacionados com disputas entre gangues que lutam entre si para dominar o tráfico de droga na região.
O delegado para a Provença-Alpes-Costa Azul da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa disse que a comunidade portuguesa em Marselha leva “uma vida normal”, apesar da escalada de violência na segunda maior cidade francesa.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O delegado para a Provença-Alpes-Costa Azul da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa disse que a comunidade portuguesa em Marselha leva “uma vida normal”, apesar da escalada de violência na segunda maior cidade francesa.
“As pessoas vivem uma vida normal, esta violência não se vê na cidade, mas é grave para quem vive nos bairros dominados pelos barões da droga. Nos bairros onde os portugueses vivem e trabalham não se sente essa violência, felizmente”, disse o advogado Jorge Mendes Constante, em declarações à agência Lusa.
O luso-descendente considera “triste” a situação que se vive actualmente na cidade, com uma série de homicídios relacionados com disputas entre gangues que lutam entre si para dominar o tráfico de droga na região.
“É uma situação triste. A imagem da cidade de constante violência é uma tristeza para as pessoas em geral, para as empresas e para os empresários. É uma cidade pobre, com uma grande insegurança e com uma publicidade negativa”, explicou, acrescentando que esta insegurança não está presente no centro da cidade, mas sim nos bairros mais complicados, nos arredores.
Júlia dos Santos está instalada há 12 anos em Marselha, onde tem um restaurante, e declara que nunca assistiu a esta violência, embora conheça a reputação da cidade.
“Estou em Marselha há 12 anos, aqui encontrei trabalho. Estou a gerir o meu comércio, nunca vi nada de perigoso. Marselha é grande, há vários bairros, tal como em Lisboa. É mentira que seja só violência, é uma imagem que as pessoas têm da cidade”, assegurou a proprietária do restaurante Ate Qu'enfim.
Para os empresários portugueses instalados na cidades, maioritariamente ligados à construção civil e com muita mão-de-obra portuguesa na agricultura, Jorge Mendes Constante considera que a reputação da cidade não ajuda a gerar investimento.
“As empresas que se vêm sediar aqui, preferem sediar-se em Nice ou Montpellier, porque a cidade tem esta imagem violenta que é um pouco verdade, e desistem de investir aqui”, referiu.
No entanto, Júlia dos Santos, angolana e portuguesa, garante que a vida “é agradável”.
“Há sol, há praia, é uma vida agradável”, enumera, acrescentando que tal como nas grandes cidades turísticas em França, também Marselha foi muito afectada pela pandemia, havendo menos turistas.
Com a visita do Presidente Emmanuel Macron, que passará três dias em Marselha, Jorge Mendes Constante espera que a cidade encontre um novo caminho para o desenvolvimento, com mais verbas para as escolas, para os transportes e para a reabilitação urbana, três áreas chave para combater a criminalidade e a pobreza na região.
“Nunca houve na história contemporânea de Marselha uma acção desta dimensão feita por um Presidente da República”, concluiu.