Novo crédito ao consumo superou em Julho valor anterior à pandemia

Crédito para compra de casa também acelerou e a taxa de juro voltou a descer, para 0,80%.

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Adriano Miranda

O ritmo de consumo das famílias com recurso a crédito bancário voltou a acelerar, superando, em Julho, o nível anterior à pandemia. Os novos empréstimos concedidos pelos bancos para aquisição de bens de consumo e outras finalidades ascenderam a 636 milhões de euros. Os dados do crédito foram divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, que destaca que os valores concedidos no mês em causa “foram os mais elevados desde o início da pandemia”.

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O ritmo de consumo das famílias com recurso a crédito bancário voltou a acelerar, superando, em Julho, o nível anterior à pandemia. Os novos empréstimos concedidos pelos bancos para aquisição de bens de consumo e outras finalidades ascenderam a 636 milhões de euros. Os dados do crédito foram divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal, que destaca que os valores concedidos no mês em causa “foram os mais elevados desde o início da pandemia”.

A maior fatia dos créditos aos consumidores, no montante 429 milhões de euros, destinou-se a financiar a aquisição de bens e serviços de consumo, correspondendo a um aumento de nove milhões de euros em relação a Junho deste ano e a um acréscimo de 27 milhões de euros face ao mesmo mês de 2020. Os restantes 207 milhões de euros, ligeiramente abaixo dos 223 milhões de euros de Junho, destinaram-se a outros fins, como educação e saúde.

A compra de casa com recurso a crédito bancário também tem vindo a acelerar no corrente ano. Em Julho, os novos empréstimos totalizaram 1385 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 88 milhões de euros relativamente ao observado no mês anterior, e a uma subida de 454 milhões de euros em relação a Julho do ano passado.

Desde Março que os novos empréstimos mensais para compra de casa ficam acima de mil milhões de euros, e o montante de Julho corresponde a um novo máximo desde Janeiro de 2008.

A taxa de juro média dos empréstimos à habitação desceu para 0,80%, contra 0,83% no mês anterior. A queda da taxa de juro no mercado interbancário, onde as taxas Euribor, que estão na base da maioria deste tipo de contratos, é fixada, explicam uma parte do dinamismo deste tipo de crédito e do mercado imobiliário em geral. A taxa média dos contratos para compra de habitação encontra-se abaixo de 1% desde Agosto de 2020. E o mínimo histórico médio deste indexante foi registado em Fevereiro do corrente ano, nos 0,76%.

A taxa de juro média do crédito ao consumo foi de 6,47%, ligeiramente abaixo do mês anterior, mas subiu de 3,29% para 3,44% nos empréstimos para outros fins.

O total de empréstimos contratados em Julho pelos particulares (para habitação e consumo) ascendeu a 2021 milhões de euros.

Os pedidos de empréstimos cresceram, mas os novos depósitos dos particulares também. Em Julho, o montante de poupança deixada nas contas bancárias ascendeu a 3658 milhões de euros, dos quais 3103 milhões de euros foram aplicados em depósitos até um ano. O stock total subiu para 169,9 mil milhões.

“A taxa de juro média foi de 0,05%, prolongando a tendência de descida registada nos últimos anos. Desde Novembro de 2015 que a taxa de juro média dos depósitos de particulares em Portugal se situa abaixo da média da área do euro”, revela o BdP.

Os novos empréstimos às empresas ascenderam a 2668 milhões de euros em Julho, dos quais 1465 milhões de euros corresponderam a empréstimos de montante igual ou inferior a um milhão de euros.

Os dados do BdP mostram ainda que a taxa de juro média dos novos empréstimos a empresas manteve-se em níveis historicamente baixos: 2,03% em Julho, valor que fica, no entanto, acima do registado em Junho de 2021 (1,98%) e em Julho do ano passado (2,00%).

Os novos depósitos de empresas ascenderam a 950 milhões de euros (mais 86 milhões face ao mês anterior), dos quais 915 milhões de euros foram aplicados em depósitos até um ano. A taxa de juro média dos novos depósitos subiu de 0,04% para 0,06%. “Este valor positivo contrasta com a taxa de juro média negativa que se regista na área do euro desde Agosto de 2019. Apesar de as taxas de juro dos novos depósitos estarem historicamente baixas, a aplicação de taxas de juro sobre depósitos negativas não é permitida em Portugal”,refere o regulador.