“Era tempo de terminar esta guerra”, disse Biden no fim da era dos EUA no Afeganistão

O Presidente norte-americano voltou a defender a decisão de terminar a guerra no Afeganistão e afirmou que a retirada das tropas foi desenhada para “salvar vidas norte-americanas”.

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Joe Biden marcou o fim da era militar do EUA no Afeganistão num discurso na Casa Branca MICHAEL REYNOLDS/EPA

No dia que marca o fim da “mais longa guerra dos EUA”, o Presidente norte-americano dirigiu-se à nação depois de terminada uma operação com “resultados sem precedentes”. Joe Biden voltou a defender a decisão de não “estender esta guerra infinita” pelo “interesse da nação” e protecção dos norte-americanos, admitindo ter sido feita uma avaliação errada sobre a capacidade do Governo afegão de se manter no poder perante a ofensiva dos taliban.

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No dia que marca o fim da “mais longa guerra dos EUA”, o Presidente norte-americano dirigiu-se à nação depois de terminada uma operação com “resultados sem precedentes”. Joe Biden voltou a defender a decisão de não “estender esta guerra infinita” pelo “interesse da nação” e protecção dos norte-americanos, admitindo ter sido feita uma avaliação errada sobre a capacidade do Governo afegão de se manter no poder perante a ofensiva dos taliban.

A guerra no Afeganistão acabou agora”, disse Biden na Casa Branca, cumprindo a promessa de terminar a guerra que “devia ter terminado há muito tempo” que fizera durante a campanha eleitoral. “Não iria estender esta guerra infinita, e não iria estender para sempre a retirada”, reforçou Biden ao longo da declaração.

Sobre a decisão de retirada das tropas, o Presidente afirmou que foi desenhada “para salvar vidas norte-americanas”. A escolha, disse, dividia-se entre manter a promessa da administração anterior e “retirar” ou “intensificar” a guerra, e isso significaria enviar mais soldados.

Também pesou na decisão a crença de que as forças afegãs teriam capacidades para conter a ofensiva dos taliban e que o Governo afegão se mantivesse no poder durante mais tempo. “Estávamos errados”, reconheceu, ao mesmo tempo demonstrando o seu apoio ao povo afegão.

“Assumo a responsabilidade”, disse Biden sobre a decisão. Porém, considerou que, mesmo que a retirada de cidadãos se iniciasse mais cedo, continuaria a existir caos no aeroporto. “Continuaria a ser uma missão muito difícil e perigosa”, acrescentando que haveria sempre as mesmas “complexidades e desafios”.

Marcando o fim do que chamou uma “era de grandes operações militares” dos EUA para refazer outros países, o chefe de Estado admitiu que os EUA precisam de “mudar de estratégia”, porque “o mundo está a mudar”. Essa mudança irremediável foi forçada pelo seu “antecessor”, Donald Trump, que “assinou um acordo com os taliban”.

Para Biden, o “que é do interesse da nação é garantir que o Afeganistão não possa ser usado para um ataque” contra os EUA, mas não acredita “que a segurança dos EUA aumente ao destacar milhares de soldados e gastando mil milhões de dólares” no país, porque o terrorismo se alastrou a outras nações, refere.

Ao mesmo tempo, Biden quer focar-se nas “ameaças de 2021 e não de 2001”, referindo-se não só ao terrorismo, mas a desafios globais, como os ciberataques e questões nucleares. Não deixou de lado, porém, o aviso aos grupos que “pretendam prejudicar os EUA”, de que o país não irá “descansar” na sua perseguição.

Enfatizou e enalteceu ainda o papel do Exército norte-americano, serviços de inteligência e diplomatas pelo desempenho na missão de “tremendo risco” que “nenhum outro país fez” na história para retirar milhares de pessoas”, entre elas residentes de outro país.

Dos entre 100 a 200 cidadãos norte-americanos que ainda permanecem no Afeganistão, Biden disse que os EUA ajudarão os que quiserem sair do país e que os EUA “estão longe de ter terminado” essa missão. Porém, referiu, cerca de 90% dos norte-americanos que quiseram deixar o país, conseguiram fazê-lo.