A vontade de não crescer

Uma criança declara que não quer deixar de o ser. Promete continuar a saltitar nas poças de água e a não gostar de sopa.

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Sob a forma de carta, dirigida “a todos os adultos e crianças que não querem crescer”, um rapaz explica ao mundo que quer continuar a brincar sempre. E avisa: “Vou subir às árvores, rebolar pelo chão, esfolar os joelhos, os cotovelos e as mãos” e “não vou querer outro emprego além deste, o de ser criança. Vou fazer birras, amuar e nem vou disfarçar”.

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Sob a forma de carta, dirigida “a todos os adultos e crianças que não querem crescer”, um rapaz explica ao mundo que quer continuar a brincar sempre. E avisa: “Vou subir às árvores, rebolar pelo chão, esfolar os joelhos, os cotovelos e as mãos” e “não vou querer outro emprego além deste, o de ser criança. Vou fazer birras, amuar e nem vou disfarçar”.

Um texto com rimas divertidas, em que se revela bastante familiaridade com o universo da infância. O menino enumera com graça muitas das brincadeiras, lógicas e pensamentos de quem é criança.

O leitor adulto irá recordar o seu próprio passado e decerto ficará bem-disposto. Mesmo que nunca tenha desejado ser uma espécie de Peter Pan. 

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Sérgio Condeço

A autora formou-se em Educação de Infância, na Escola Superior de Educação do Porto, e leccionou em várias escolas até se dedicar à escrita e edição de livros para crianças. Dirige a editora Tcharan e a livraria Papa-Livros, no Porto.

Um livro a lembrar um caderno

A acompanhar e ampliar o texto de Adélia Carvalho, estão as ilustrações de Sérgio Condeço, que contou ao PÚBLICO a forma como abordou este trabalho: “Quis emitir um registo de caderno escolar, de alguma forma inspirado nos desenhos que fazia durante as aulas nos meus cadernos, muitas vezes por não querer estar ali.”

Há sete anos a dedicar-se exclusivamente à ilustração, depois de ter trabalhado na área têxtil como designer, Sérgio Condeço explica a presença de uma das amigas do protagonista em cadeira de rodas: “Inspirei-me na Catarina-especierarasobrerodas (no Instagram), que é uma activista com deficiência. As crianças com deficiência continuam a ter livros específicos, mas há ainda poucos em que as personagens surjam naturalmente.

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Sérgio Condeço

Cansado de desenhar “estampados para tecidos e fardas para várias empresas”, até porque nunca gostou “de moda ou do têxtil”, recorda esse seu percurso para nos explicar as técnicas e os materiais que utiliza nas suas ilustrações : “Penso sempre ‘old school’, ou seja, neste livro desenhei a lápis de cor e só depois passei para o digital.”

Acrescenta ainda: “Hoje, utilizo muito mais o digital porque é prático, rápido e absorve poucos custos em materiais. Porém, não consigo fazer um livro sem passar pelo papel, lápis, pastéis ou acrílicos.”

Este é o segundo livro que assinam em conjunto. O primeiro tem por título A Menina Que Queria Desenhar o Mundo, da mesma editora. As linguagens de ambos são alegres e casam-se muito bem.

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Sérgio Condeço

Quando For Grande Quero Ser Criança foi lançado em Maio no Onomatopeia — Festival de Literatura Infanto-Juvenil de Valongo. O rapaz, entretanto, já deve ter crescido um bocadinho.

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