O Vai-m’à Banda é o ponto de partida para um documentário sobre tascas, comidas e costumes
Festival volta depois de um ano de paragem obrigatória. Foi nesse intervalo que surgiu a ideia de se fazer um filme sobre as tascas (e as gentes das tascas) de Guimarães. Já em rodagem.
Tal como quase todas as promotoras, a Revolve viu-se obrigada a cumprir um ano de paragem em 2020. Registaram-se, por isso, mais duas baixas na agenda cultural de Guimarães, que ficou sem os festivais Mucho Flow e Vai-m’à Banda. Este último já tem data de regresso — acontece entre esta sexta-feira e sábado — e chega com uma “versão adaptada aos desafios actuais”, mais contida. Mas os cabeças-de-cartaz do festival são sempre as emblemáticas tascas vimaranenses, que servem de palco aos concertos.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Tal como quase todas as promotoras, a Revolve viu-se obrigada a cumprir um ano de paragem em 2020. Registaram-se, por isso, mais duas baixas na agenda cultural de Guimarães, que ficou sem os festivais Mucho Flow e Vai-m’à Banda. Este último já tem data de regresso — acontece entre esta sexta-feira e sábado — e chega com uma “versão adaptada aos desafios actuais”, mais contida. Mas os cabeças-de-cartaz do festival são sempre as emblemáticas tascas vimaranenses, que servem de palco aos concertos.
São também estes estabelecimentos os protagonistas de um documentário que está a ser preparado e que tem o Vai-m’à Banda como “ponto de partida”. Sem desvendar muito, Rui Dias, director de produção do documentário e da Revolve, conta que a ideia começou a ser trabalhada ao mesmo tempo que a “digitalização dos eventos” passou a estar mais presente. E também porque se queria “contribuir, sem perder a essência do festival, para estes espaços”, que também “sofreram e estiveram fechados” por conta da pandemia. Este não é um exercício “autofágico” do festival, mas antes uma tentativa de registo da história colectiva, tudo porque as tascas, em qualquer parte, são sítios com memórias saborosas dentro (pelos petiscos ou pelas malgas de vinho).
Luís Severo também criou memórias nestes espaços de Guimarães. Foi ele quem abriu a primeira edição do Vai-m’à Banda, em 2017, com um concerto ao lado da Tasca Expresso, na zona central da cidade, na altura com o disco homónimo. Dois anos depois, subiu à montanha da Penha e abriu o céu com O Sol Voltou, que iluminou a tarde daqueles que se espalharam no espaço natural e ao ar livre da tasca Amigos da Penha.
O músico não é protagonista do documentário, mas, pela ligação ao festival, é presença quase obrigatória. Ao longo do concerto da primeira edição, Luís Severo rapidamente concluiu que o festival era “muito diferente” dos outros: “Os músicos misturam-se com a cidade. Não se fecha nada. É fixe e bonito, porque o festival insere-se na dinâmica que a cidade tem sem ser muito invasivo. E nos concertos nota-se que há malta que se junta [nas tascas] e que não teria ido lá se não fosse pelo festival. É muito importante.”
De volta a Guimarães para gravar partes do documentário, o cantor visitou, para além dos sítios onde já tocou, a Adega do Ermitão, que também fica na montanha. A ementa foi a clássica: “Comi aqueles bolos com sardinhas e com carne, os queijos, a cebola com vinho. E bebi vinho, a acompanhar.” Como é “mais de doces do que de salgados”, destaca “um pudim mesmo bom, de pão”. Notou que a adega estava “a abarrotar” e viu “muitas famílias”, gente “muito contente”, “pais, netos e avós” juntos à mesa.
O documentário, diz Rui Dias, mergulha nessa malga de tradições: “Queremos falar de comida e de costumes, mas sobretudo da forma de vida que estas pessoas abraçam.” Com as filmagens em curso, o director de produção explica que a equipa está a analisar o material recolhido para decidir o que faz sentido usar para se contar esta história. “É um processo de descoberta. À medida que vais filmando, as coisas vão ganhando outra forma e sentido”, acrescenta. E, por isso, prefere não precisar uma data para o lançamento da película.
Com uma edição alargada a dois dias — o Vai-m’à Banda costuma acontecer num só, com vários momentos itinerantes —, o director de produção da Revolve adianta que a ideia da promotora é voltar ao formato inicial assim que for possível, já que “o festival vive muito da experiência e não do cartaz”. Não sendo possível fazê-lo, Rui Dias apela a que, esta sexta-feira e sábado, os festivaleiros façam a visita às tascas vimaranenses.
Os concertos têm lugares limitados e reservados a quem tiver bilhetes, que podem ser levantados na Tasca Expresso entre as 15h e as 19h30 de sexta-feira e as 15h e as 17h de sábado. Também serão disponibilizadas pulseiras para uma viagem de teleférico a preço reduzido, para se subir à montanha da Penha — é lá que acontecem os concertos de Maria Reis e Fumo Ninja, no sábado, no Largo da Comissão da Penha. No dia anterior, no Largo Condessa do Juncal, actuam Filipe Sambado e Chinaskee.