Duas dezenas de estudantes nos EUA entre os milhares que não conseguem sair de Cabul

Famílias dos estudantes planeavam voltar antes de 17 de Agosto, mas não conseguiram chegar ao aeroporto de Cabul depois da capital ter sido tomada pelos taliban.

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O prazo para as operações de evacuação em Cabul termina a 31 de Agosto Australia's Department of Defenc/Reuters

Entre as mais de 10 mil pessoas que ainda aguardam pela sua vez para chegar aos EUA estão 24 estudantes de San Diego, Califórnia, e as suas famílias. Viajaram para o Afeganistão este Verão para visitar familiares, mas os taliban trocaram-lhes os planos: não só não embarcaram no voo de volta previsto, como estão presos no país e não conseguem chegar ao aeroporto de Cabul.

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Entre as mais de 10 mil pessoas que ainda aguardam pela sua vez para chegar aos EUA estão 24 estudantes de San Diego, Califórnia, e as suas famílias. Viajaram para o Afeganistão este Verão para visitar familiares, mas os taliban trocaram-lhes os planos: não só não embarcaram no voo de volta previsto, como estão presos no país e não conseguem chegar ao aeroporto de Cabul.

Os responsáveis do Cajon Valley Union School District, em El Cajon, no estado da Califórnia, disseram que 16 adultos e 24 crianças – seis famílias – ficaram sem voo para os EUA após a tomada de Cabul pelos taliban. Planeavam chegar a tempo do início do ano lectivo, que começou a 17 de Agosto, mas não terão conseguido apanhar o voo previsto para os EUA.

Os alarmes soaram quando os estudantes e as famílias terão pedido para lhes guardar um lugar nas salas de aula, segundo membros do distrito escolar e o dirigente de um programa para famílias refugiadas ouvidos pela imprensa local. Pelo menos uma das famílias conseguiu chegar em segurança aos EUA, disse no final de quarta-feira o porta-voz do distrito escolar, Howard Shen.

O distrito escolar de El Cajon tem entre 16 a 17 mil estudantes, desde o pré-escolar até ao oitavo ano, e acolhe uma larga população de imigrantes e refugiados, a maioria do Afeganistão ou Iraque, e de outros países do Médio Oriente.

De acordo com o San Diego Union-Tribune, as famílias em questão têm vistos especiais atribuídos pelos seus serviços aos militares dos EUA e são consideradas “aliadas” pelo Departamento da Defesa. Os responsáveis têm estado em contacto com as famílias e pediram ajuda ao congressista Darrell Issa para ajudar nos esforços para retirar o grupo do Afeganistão antes da saída das tropas a 31 de Agosto.

Na quarta-feira, Issa publicou no Twitter estar a “trabalhar diligentemente para determinar as melhores formas para ajudar quem está preso a voltar a casa de forma segura”. Issa e a sua equipa sabem da “localização de vários cidadãos norte-americanos” e garantem estar em contacto directo e consistente com eles, com o Departamento do Estado e o Pentágono, disse Jonathan Wilcox, o porta-voz do congressista.

“Estão assustados e presos na área de Cabul”, disse Wilcox numa declaração. “Até à data, não conseguirem chegar ao aeroporto. Wilcox acredita que “muitos habitantes da Califórnia estão na mesma situação”. “Sei que o Presidente e a secretária de imprensa disseram anteriormente que isto não está a acontecer, mas isso está totalmente errado”, continuou.

Também na quarta-feira o secretário de Estado, Antony Blinken, disse que estão cerca de 1500 pessoas retidas no Afeganistão, possivelmente norte-americanos. Blinken acrescentou que “durante as últimas 24 horas temos estado em contacto directo com aproximadamente 500 norte-americanos e demos instruções específicas sobre como chegar ao aeroporto em segurança”. Questionada sobre os alunos, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse não ter “informação adicional sobre isso”.

O maior receio, disse ao Los Angeles Times a presidente da direcção da escola de Cajon Valley, Tamara Otero, é que “os taliban tenham encerrado o aeroporto”. 

Shen não pôde adiantar detalhes sobre o estado das famílias – se alguém ficou ferido no meio das multidões que tentam chegar ao aeroporto ou se estão juntas. “A situação é fluida, mas esperamos que voltem”, continuou o porta-voz do distrito escolar, “é a nossa esperança”.