Lisa Joy escreveu o guião de Reminiscência faz agora uns aninhos largos, quando estava grávida, para passar o tempo enquanto estava fechada em casa (vem numa entrevista ao New York Times). Tirem-se as conclusões que se quiserem deste fait-divers, mas uma colisão entre um filme negro à antiga e uma fita de ficção científica futurista, por muito inspirada que seja, vai sempre bater na pedra-de-toque Blade Runner, que praticamente codificou essa lógica. Felizmente, Joy não tem o mínimo problema em assumir a comparação, e de um ponto de vista puramente visual aguenta-se à bronca: a sua Miami semi-submergida, dividida entre as “terras secas” da gente rica e as “terras húmidas” da gente pobre, é um achado conceptual, que ainda por cima também aguenta a comparação com outras fitas distópicas recentes como a Terra dos Mortos de George Romero, o Relatório Minoritário de Steven Spielberg ou as Southland Tales de Richard Kelly.
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Lisa Joy escreveu o guião de Reminiscência faz agora uns aninhos largos, quando estava grávida, para passar o tempo enquanto estava fechada em casa (vem numa entrevista ao New York Times). Tirem-se as conclusões que se quiserem deste fait-divers, mas uma colisão entre um filme negro à antiga e uma fita de ficção científica futurista, por muito inspirada que seja, vai sempre bater na pedra-de-toque Blade Runner, que praticamente codificou essa lógica. Felizmente, Joy não tem o mínimo problema em assumir a comparação, e de um ponto de vista puramente visual aguenta-se à bronca: a sua Miami semi-submergida, dividida entre as “terras secas” da gente rica e as “terras húmidas” da gente pobre, é um achado conceptual, que ainda por cima também aguenta a comparação com outras fitas distópicas recentes como a Terra dos Mortos de George Romero, o Relatório Minoritário de Steven Spielberg ou as Southland Tales de Richard Kelly.