Providências contra despedimentos na Altice julgadas em Setembro
Duas das quatro providências cautelares que deram entrada na semana passada devem ter desfecho conhecido na primeira quinzena de Setembro.
Das quatro providências cautelares que já entraram em tribunal para tentar travar os despedimentos na Altice (nas empresas Meo SA e PT Contact), duas já têm julgamento marcado para o início de Setembro, adiantou esta terça-feira ao PÚBLICO o presidente do STPT, Jorge Félix.
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Das quatro providências cautelares que já entraram em tribunal para tentar travar os despedimentos na Altice (nas empresas Meo SA e PT Contact), duas já têm julgamento marcado para o início de Setembro, adiantou esta terça-feira ao PÚBLICO o presidente do STPT, Jorge Félix.
No dia 3, será julgada a providência cautelar que deu entrada no Tribunal do Trabalho de Vila Real e a 13, a que deu entrada no Tribunal de Lisboa. Para os casos do Porto e Portalegre ainda não há datas definidas, pois ainda há pedidos de informação pendentes.
As providências interpostas na semana passada demonstram “as irregularidades” que marcam o processo de despedimento, destacou o representante sindical, revelando que se trata de casos de trabalhadores que estavam cedidos à Meo Serviços Técnicos através de contratos de cedência ocasional.
A empresa tinha de avisar os trabalhadores cedidos com 90 dias de antecedência antes do seu regresso à Meo SA, mas não “cumpriu esse prazo”, pelo que os trabalhadores foram notificados da intenção de despedimento em simultâneo com a cessação do acordo de cedência ocasional e com a dispensa de assiduidade ao serviço.
Na prática, acabou por ser “uma empresa terceira” onde são extintos os postos de trabalho a decidir o despedimento de trabalhadores da Meo SA.
Por outro lado, queixam-se os sindicatos, há mais sinais de que “os despedimentos são ilícitos” e de que “os argumentos que a empresa está a usar não são verdadeiros”, uma vez que “os serviços não acabam” ao serem despedidos os trabalhadores.
“O [serviço] de backoffice [atendimento] passará para a Intelcia [uma participada da Altice], o das portarias passa para as empresas de segurança e o trabalho operacional passa para as empreiteiras” do universo Altice, afirmou.
“A lei dos despedimentos não serve para andar a substituir trabalhadores efectivos por outros”, sublinhou ainda o representante sindical, depois de uma reunião no Largo do Rato com dois membros do secretariado do PS.
“O que nós gostaríamos de ver era o PS a comprometer-se e a dar um sinal claro de que estes despedimentos não são correctos e que estas práticas não podem repetir-se, porque são uma fraude à lei”, afirmou Francisco Gonçalves.
Sem a garantia de um “maior compromisso”, os representantes dos trabalhadores da Altice saíram da reunião com a promessa de que se irão fazer diligências internas para tentar que lhes sejam abertas “as duas portas” a que os sindicatos “ainda vão bater”: o grupo parlamentar do PS e o Ministério do Trabalho.
Na calha está também um pedido de reunião na Inspecção-geral do Trabalho, para se fazer “um ponto de situação sobre as acções inspectivas” que foram anunciadas.
Francisco Gonçalves acrescentou que a situação dos trabalhadores que já chegaram a acordo com a Altice está “mais ou menos definida” e que a preocupação é a de tentar reverter o destino dos restantes 32 que ainda se podem opor aos despedimentos em tribunal, bem como “prevenir situações semelhantes no futuro”.
A empresa “aproveitou as fragilidades da lei e o contexto psicológico negativo da covid para convencer as pessoas com um pouco mais de dinheiro e a garantia do subsídio de desemprego, passando parte do encargo para o Estado”, por isso é preciso que a lei seja alterada, defendeu.
O despedimento colectivo concretiza-se no final de Outubro, quando cessam os vínculos laborais dos trabalhadores.