John Cleese vai apresentar uma série documental sobre a chamada “cancel culture”
Em Cancel Me, nova série documental do Channel 4, o cómico dos Monty Python falará com activistas e pessoas que dizem ter sido “canceladas”.
A estação de televisão britânica Channel 4 anunciou esta segunda-feira uma nova série documental sobre a chamada “cancel culture”. Chamar-se-á John Cleese: Cancel Me e será, como o nome indica, apresentada pelo lendário John Cleese, cómico da inovadora trupe Monty Python. Nela, Cleese falará com pessoas famosas que foram “vítimas” deste suposto fenómeno, que dizem ter sido “canceladas”, bem como com activistas. Além do pioneiro trabalho com os Python, Cleese foi, entre outros, o co-criador e protagonista da sitcom Fawlty Towers, da década de 1970, e argumentista do filme Um Peixe Chamado Vanda, de 1988.
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A estação de televisão britânica Channel 4 anunciou esta segunda-feira uma nova série documental sobre a chamada “cancel culture”. Chamar-se-á John Cleese: Cancel Me e será, como o nome indica, apresentada pelo lendário John Cleese, cómico da inovadora trupe Monty Python. Nela, Cleese falará com pessoas famosas que foram “vítimas” deste suposto fenómeno, que dizem ter sido “canceladas”, bem como com activistas. Além do pioneiro trabalho com os Python, Cleese foi, entre outros, o co-criador e protagonista da sitcom Fawlty Towers, da década de 1970, e argumentista do filme Um Peixe Chamado Vanda, de 1988.
Segundo a Variety, que cita as declarações proferidas por Danny Horan, responsável pela área de conteúdos factuais do Channel 4, num painel do Festival de Televisão de Edimburgo, Cleese “está muito interessado em perceber o que aconteceu e por que é que aconteceu”. “Ele foi um cómico nas últimas décadas em que houve muita comédia que agora parece antiquada, por isso também está a questionar parte disso”, acrescentou Horan. “Acho que será mesmo interessante, é uma área que ele está a explorar”, conclui.
Num comunicado também citado pela revista, Cleese diz-se “encantado por ter uma oportunidade de aprender, em frente à câmara, sobre todos os aspectos do chamado politicamente correcto”. “Há tanto que eu não percebo, tipo: como é que a ideia impecável de ‘vamos ser gentis para toda a gente’ se desenvolveu em alguns casos ad absurdum”, lê-se. “Quero expor os vários raciocínios para que as cabeças das pessoas possam ficar mais claras no qu diz respeito àquilo em que concordam, àquilo em que discordam e àquilo em que não se conseguem decidir”, continua.
O cómico tem um vasto historial no campo das batalhas culturais acerca da liberdade de expressão. Em 1979, A Vida de Brian, uma sátira religiosa dos Monty Python por ele co-escrita, foi alvo de uma cerrada polémica e banido, nalguns casos ao longo de décadas, em vários locais do Reino Unido e da Europa.
Em 2003, Cleese processou, com sucesso, o jornal London Evening Standard por difamação. Um jornalista, Peter Clark, tinha escrito um texto sobre como o cómico teria deixado de ter piada. No mesmo texto, alegou que Cleese era o criador e protagonista de uma sitcom americana, Wednesday 9:30 (8:30 Central), que não tinha sido criada por ele e na qual só aparecia brevemente no primeiro episódio. Segundo Cleese, o texto fora “um ataque inexplicavelmente pessoal”. O juiz da altura, que obrigou o jornal a pagar-lhe 13.500 libras (o equivalente a mais de 25 mil euros, tendo em conta a inflação), disse que um dos “maiores critérios” quando definiu o montante da indemnização fora “o impacto” que o texto tinha tido “nos sentidos do Sr. Cleese”.
Em 2020, um ano após ter causado polémica por ter dito que Londres já não era uma cidade inglesa, Cleese voltou a gerar cabeçalhos com a sua continuada diatribe contra o chamado politicamente correcto quando um episódio de Fawlty Towers foi temporariamente retirado de antena do serviço de streaming britânico UKTV por ter linguagem antiquada e racialmente ofensiva – dentro do contexto de uma personagem com a qual a série não se identifica de todo – para ser contextualizado. Este ano, quando lhe perguntaram no Twitter se era necessário um certificado de vacinação para ir à sua digressão americana nos Estados Unidos, respondeu que só era preciso “um certificado a provar que não foste só para ser ofendido”.
O mesmo espectáculo que Cleese apresenta nos Estados Unidos, Last Time to See me Before I Die, passa também por Lisboa. As datas que tinha marcadas para Maio de 2020 foram reagendadas para o Coliseu dos Recreios entre 5 e 9 de Junho de 2022.
Além desta série documental, Cleese tem ainda na calha um guião para um filme sobre a Guerra aos Emus da Austrália, co-escrito com Rob Schneider, o actor cómico americano famoso pela participação em Saturday Night Live, nos filmes de Adam Sandler e como protagonista dos dois filmes da saga Deuce Bigelow.