EUA e Espanha acordam uso de bases militares para acolher até quatro mil afegãos
Esta segunda-feira chegaram mais 260 refugiados afegãos a Espanha, a maioria dos quais é composta por famílias. Canadá opera fora do aeroporto para retirar civis do país.
A Espanha acordou com os Estados Unidos que as bases militares de Rota, em Cadiz, e de Morón de la Frontera, perto de Sevilha, poderão acolher durante duas semanas até quatro mil afegãos que colaboraram com os EUA.
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A Espanha acordou com os Estados Unidos que as bases militares de Rota, em Cadiz, e de Morón de la Frontera, perto de Sevilha, poderão acolher durante duas semanas até quatro mil afegãos que colaboraram com os EUA.
De acordo com a agência espanhola de informação, a Efe, a Espanha assinou esta segunda-feira um memorando de entendimento com os EUA, no âmbito do Convénio de Cooperação para a Defesa, que fará com que os voos norte-americanos aterrem nas bases navais de Rota e de Morón com afegãos que estão em trânsito para um acolhimento mais permanente nos Estados Unidos.
O comunicado da embaixada dos EUA em Madrid, citado pela Efe, agradece “a colaboração do governo espanhol” nesta questão e salienta a proximidade entre os dois países.
"A nossa cooperação para colocar a salvo aqueles que apoiaram os nossos esforços colectivos no Afeganistão é um testemunho da solidez dos nossos laços bilaterais e do nosso compromisso enquanto aliados da NATO”, lê-se no comunicado.
O memorando tornado público esta segunda-feira surge depois de no sábado o líder do Governo espanhol, Pedro Sanchéz, ter mantido uma conversa telefónica com o presidente dos EUA, Joe Biden, na qual a questão afegã foi analisada.
Espanha continua a actuar como a porta de entrada dos afegãos na Europa, e esta segunda-feira chegaram mais 260 refugiados deste país, a maioria dos quais é composta por famílias.
Entre estes 260 afegãos estão 55 menores, dos quais 14 são bebés, um deles com 15 dias e outro com um mês, para além de 16 pessoas de terceira idade.
Desde quinta-feira, o aeródromo de Torrejón já recebeu 815 afegãos, chegados em voos espanhóis e do Serviço Europeu de Acção Exterior, tendo havido 354 que manifestaram intenção de pedir asilo a Espanha.
Os talibãs conquistaram Cabul no dia 15 de Agosto, concluindo uma ofensiva iniciada em Maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaeda, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.
Canadá opera fora do aeroporto para retirar civis
Em Cabul, capital do Afeganistão, as forças especiais canadianas estão a operar para lá dos limites do aeroporto internacional para retirar o maior número de pessoas do país, revelaram as autoridades do Canadá esta segunda-feira.
Além de cidadãos canadianos, também afegãos e as suas famílias estão a ser retirados do Afeganistão, destacaram nesta segunda-feira as autoridades do Canadá em conferência de imprensa. No total foram já retiradas cerca de 1700 pessoas, incluindo canadianos e afegãos refugiados, através de 13 voos.
Após a queda de Cabul, as autoridades canadianas anunciaram que vão acolher cerca de 20 mil afegãos considerados vulneráveis, como jornalistas, activistas ou funcionários do Governo.
O Canadá ofereceu-se ainda para receber milhares de afegãos, e as suas famílias, que colaboraram com as forças armadas e diplomáticas desde 2001.
O Governo canadiano decidiu ainda revelar que as suas forças especiais “têm estado a operar fora dos limites do Aeroporto Internacional Hamid Karzai” em Cabul, de forma a perceber o que está a acontecer no terreno. Até agora, os canadianos não tinham dado pormenores sobres as operações realizadas em Cabul.
No domingo, o ministro da Defesa do Canadá, Harjit Sajjan, salientou que não podia revelar em pormenor o que as tropas estavam a realizar no Afeganistão.
O Canadá estabeleceu uma série de albergues na capital afegã, recebendo refugiados considerados vulneráveis e que estão em processo de retirada daquele país desde que os talibãs estão no poder.