Costa rejeita tabu mas só decide em 2023 se volta a ser candidato a primeiro-ministro

Secretário-geral do PS diz não compreender a estratégia do PSD e mantém a porta aberta ao Bloco em matéria de Orçamento do Estado.

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António Costa assegura que não alimentará qualquer tipo de tabu sobre a continuidade da sua liderança LUSA/ANTÓNIO COTRIM

António Costa, secretário-geral do PS e primeiro-ministro, só decidirá em 2023 se é novamente candidato aos cargos e sem alimentar “qualquer tipo de tabu”. Em entrevista ao Expresso, o chefe de Governo diz não ver motivos para a legislatura antecipar o seu fim, assume que não compreende a estratégia de Rui Rio e assegura que mantém a porta aberta ao Bloco para as negociações do próximo Orçamento do Estado.

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António Costa, secretário-geral do PS e primeiro-ministro, só decidirá em 2023 se é novamente candidato aos cargos e sem alimentar “qualquer tipo de tabu”. Em entrevista ao Expresso, o chefe de Governo diz não ver motivos para a legislatura antecipar o seu fim, assume que não compreende a estratégia de Rui Rio e assegura que mantém a porta aberta ao Bloco para as negociações do próximo Orçamento do Estado.

Em vários momentos da entrevista, António Costa remete para daqui a dois anos a decisão de voltar a ser candidato a primeiro-ministro, afastando qualquer segredo nessa deliberação. “Comigo não haverá qualquer tipo de tabu e farei em 2023 o que sempre me habituei a fazer na vida que é, chegado o momento, perguntar a mim próprio se me entendo em condições e se entendo ser a pessoa com melhores condições de proceder a essa liderança do PS. Farei comigo, com a minha mulher e o PS também haverá de fazer. Não haverá qualquer tipo de tabu”, afirma, acrescentando que tem de se “sentir livre todos os dias para tomar qualquer decisão, qualquer que ela seja”.

O primeiro-ministro rejeita a ideia de que esse timing não seja suficiente para o PS preparar para as legislativas: “Neste congresso já fui eleito, o congresso foi adiado, mas as directas não. Já fui eleito para um mandato que vai até Maio, Junho de 2023”. E acrescenta: "Se eu tivesse uma síncope, tenho a certeza que o PS teria muita facilidade nas diversas gerações de encontrar facilmente um líder para continuar este projecto político.”

Nessa matéria, Costa recusa apoiar potenciais candidatos à sua sucessão. “Eu não vou designar herdeiros e já disse muitas vezes que não apoiarei ninguém. Votarei, mas abster-me-ei de me pronunciar publicamente sobre a minha sucessão e não condicionarei minimamente o PS, nem quem quer que seja a disputar a liderança. (...) Felizmente o PS tem, em várias gerações, mulheres e homens com excelentes qualidades para exercerem essas funções.”

Questionado sobre se pode garantir que não sai para um cargo europeu como fez Durão Barroso, António Costa afastou esse cenário. “Essa é uma questão que não se coloca”, afirma, rejeitando que exista um “cargo que esteja em aberto” ou que ande à “procura de outro emprego”.

Recusando pronunciar-se sobre a ideia de que a direita pode formar um Governo estável sem o Chega, António Costa diz que não compreende a estratégia de Rui Rio, poupando o líder do PSD a outras críticas mais contundentes. “Quando o líder da oposição se apresentou como querendo disputar o eleitorado do centro ao PS e, agora, o que disputa é o eleitorado à direita com o Chega, é muito difícil tentar perceber qual o sentido estratégico da direita portuguesa”, afirma.

Quanto às negociações para o próximo Orçamento do Estado, o primeiro-ministro diz que “o diálogo com o Bloco tem existido” e que mantém abertura para prosseguir: “Nunca fechámos a porta ao Bloco e quem vier por bem é bem-vindo”.