Governo espanhol abre investigação a gestão de barragens no Douro e Tejo
A barragem de Ricobayo, num afluente do Douro, passou de 95% para 11% em quatro meses, com esvaziamentos especialmente notórios em Junho e Julho, a coincidir com os preços máximos da electricidade.
O Ministério para a Transição Ecológica de Espanha abriu investigações às empresas que gerem barragens nas bacias hidrográficas do Douro, Tejo e Miño-Sil, para apurar os respectivos aproveitamentos hidroeléctricos.
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O Ministério para a Transição Ecológica de Espanha abriu investigações às empresas que gerem barragens nas bacias hidrográficas do Douro, Tejo e Miño-Sil, para apurar os respectivos aproveitamentos hidroeléctricos.
O secretário de Estado do Ambiente, Hugo Morán, que anunciou as investigações depois de uma reunião com presidentes de câmara afectados pelo esvaziamento da barragem de Ricobayo (Zamora), disse que nestas três demarcações hidrográficas ocorreram níveis de exploração “acima do que seria recomendável”.
No caso de Ricobayo, da bacia hidrográfica do Douro e gerido pela Iberdrola, que passou de 95% para 11% em quatro meses, com esvaziamentos especialmente notórios em Junho e Julho, a coincidir com os preços máximos da electricidade, Morán indicou que não está em causa apurar só se ultrapassaram os limites da concessão.
Além disso, em concessões com décadas de existência, há que ver “se se superou o que o senso comum recomenda na hora de enfrentar a gestão de um recuso público tão sensível com a água”, acrescentou.
Morán afirmou também que há casos em que se abriram investigações não pela exploração hidroeléctrica mas por outras razões, recordando que todos os anos, nesta altura, costumam ocorrer “situações de resposta inadequada”.
O anúncio de Morán foi feito depois de na semana passada a terceira vice-presidente do governo e titular do Ministério, Teresa Ribera, ter contactado com a Iberdrola devido à redução drástica de água nas barragens de Ricobayo, em Zamora, e Valdecanas, em Cáceres, declarando-se “escandalizada com o que estava a ver”.
Avisou na ocasião que, “se se constatar que houve uma má prática” na gestão da barragem vai ser activado “o mecanismo sancionador correspondente e (aplicadas) as sanções que tenham de ser aplicadas”, avisou.
O secretário de Estado do Ambiente admitiu que as condições de algumas concessões hidroeléctricas foram determinadas quando o impacto das alterações climáticas não era tão visível como é, pelo que os novos planos das bacias hidrográficas vão ser adaptados. Estes planos estão em discussão pública e devem ser aprovados em meados de 2022.
A Iberdrola garantiu hoje que está a fazer a exploração destas infra-estruturas hidráulicas “sempre em contacto com as autoridades competentes”.
Depois de o Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico ter anunciado a abertura das investigações, a Iberdrola assegurou que está a explorar as barragens “dentro dos padrões estabelecidos e com normalidade”.