Afeganistão: manual para uma catástrofe

Não há qualquer justificação moral para se entregar de bandeja um país a um grupo de orgulhosos e impenitentes fanáticos que vão trucidar as mais básicas liberdades e direitos de metade da população.

Há decisões políticas incompreensíveis de tão evidentemente perniciosas, erradas e perigosas que são. A retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, por exemplo. Não me comovem os argumentos da vontade dos americanos terminarem aquela guerra – afinal a vida está cheia de casos de governantes decidindo contra a opinião pública. Nem os princípios de não ingerência noutros países – os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com boas justificações e isso também lhes traz especiais responsabilidades de proteção do povo invadido. Prefiro a ética à ciência política. Nem, sequer, me convencem os arautos que leem a vontade popular dos afegãos (que eu desse por isso não houve nenhum referendo sobre a continuação dos americanos versus o regresso dos taliban) e sabem-nos de ciência certa desejosos de um novo regime fundamentalista islâmico. (Sendo que um governo apoiado por uma potência estrangeira gera inevitavelmente anticorpos. Está nos livros.)

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há decisões políticas incompreensíveis de tão evidentemente perniciosas, erradas e perigosas que são. A retirada dos Estados Unidos do Afeganistão, por exemplo. Não me comovem os argumentos da vontade dos americanos terminarem aquela guerra – afinal a vida está cheia de casos de governantes decidindo contra a opinião pública. Nem os princípios de não ingerência noutros países – os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com boas justificações e isso também lhes traz especiais responsabilidades de proteção do povo invadido. Prefiro a ética à ciência política. Nem, sequer, me convencem os arautos que leem a vontade popular dos afegãos (que eu desse por isso não houve nenhum referendo sobre a continuação dos americanos versus o regresso dos taliban) e sabem-nos de ciência certa desejosos de um novo regime fundamentalista islâmico. (Sendo que um governo apoiado por uma potência estrangeira gera inevitavelmente anticorpos. Está nos livros.)