China realiza exercícios militares perto de Taiwan em resposta a “provocações”

Numa reacção às manobras de Pequim, o ministro da Defesa de Taiwan afirmou que o Exército avaliou a situação e diz estar “preparado para várias respostas”.

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A China tem aumentado a sua actividade junto a Taiwan com a presença de aviões e navios de guerra WU HONG/EPA

A China realizou esta terça-feira exercícios militares com fogo real perto de Taiwan com navios de guerra e aviões de combate a Sudoeste e Sudeste do território, em resposta ao que chamou de “interferência externa e provocações pelas forças independentistas de Taiwan”, considerando como “necessárias” para “salvaguardar a soberania nacional”.

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A China realizou esta terça-feira exercícios militares com fogo real perto de Taiwan com navios de guerra e aviões de combate a Sudoeste e Sudeste do território, em resposta ao que chamou de “interferência externa e provocações pelas forças independentistas de Taiwan”, considerando como “necessárias” para “salvaguardar a soberania nacional”.

De acordo com uma declaração de Col Shi Yi, porta-voz do comando Leste do Exército de Libertação Popular, foram enviados meios aéreos anti-submarino, aviões de combate e navios de guerra para perto de Taiwan para desempenhar um “exercício de fogo conjunto e outros exercícios com tropas reais”.

O ministro da Defesa de Taiwan, por sua vez, disse que o Exército avaliou “totalmente a situação na região do estreito de Taiwan, tal como os desenvolvimentos relacionados no mar e no ar, e está preparado para [reagir com] várias respostas”. Especificou ainda que entraram 11 aviões militares na zona de defesa aérea de Taiwan, incluindo dois bombardeiros H-6K com capacidade nuclear, e seis caças J-16. Taipé respondeu com o envio de caças.

O exercício aconteceu semanas depois os EUA terem aprovado uma venda de armamento a Taiwan, um sistema de artilharia avaliado em 750 milhões de dólares. O Exército de Libertação Popular afirmou ainda que os EUA e Taiwan “provocaram repetidamente e enviaram sinais errados, violando gravemente a soberania da China, e prejudicando gravemente a paz e estabilidade do estreito de Taiwan”.

Pequim reivindica o território, e para atingir esse fim admite o uso da força se necessário. Contudo, Taiwan considera-se uma nação independente e rejeita a reunificação com a China continental.

Pequim tem aumentado no último ano a sua actividade junto a Taiwan, onde recentemente também marcaram presença embarcações militares da Europa e dos EUA nas áreas disputadas no mar do Sul da China. Em Junho, as Forças Armadas chinesas realizaram a maior incursão junto à ilha, com 28 aviões militares.

Um responsável familiarizado com o planeamento da segurança de Taiwan disse à Reuters que a força aérea chinesa realizou o exercício para “estabelecer a supremacia aérea”. “A China tem ainda levado a cabo frequentes operações de reconhecimento electrónico e de interferência electrónica”, acrescentou.

Segundo a mesma fonte, Taiwan acredita que a China está a tentar recolher sinais electrónicos dos meios aéreos norte-americanos e japoneses para poder “paralisar aeronaves de reforço, incluindo F-35s, numa potencial guerra”.

Numa análise para o Instituto Macdonald-Laurier, um think tank canadiano, J. Michael Cole, especializado na China, disse que os exercícios como os desta terça-feira procuram obter um efeito psicológico. “Temos assistido a isto todos os anos, e regularmente são exercícios de pequena escala e de rotina, mas a sua importância é aumentada através dos media estatais e pelos responsáveis de forma a enviar um sinal”, citou o Guardian.