De “bocas em brasa”, cabelo curto e direitos em riste. Como eram as mulheres portuguesas dos anos 20?

Na viragem do século XX, Lisboa era uma cidade de “gente triste, irritada e mal-disposta”, mas as mudanças fervilham entre mulheres. Quem pertencia à elite passava os dias “à volta de uma chávena” e as noites a dançar Charleston — já as feministas organizavam congressos e revoltavam-se “contra a sua condição de animais domésticos”. A mudança acontecia em várias frentes e a literatura da época deixava o alerta: os anos 20 são “prejudicais às futuras mães”.

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A direcção do Congresso Feminista e de Educação, em 1928 ARQUIVO DE HISTÓRIA SOCIAL DO ICS-ULISBOA

Se 2020 nos obrigou a confinar em casa, impôs novas restrições e cuidados e nos deixou a ansiar pelo regresso à “normalidade”, há 100 anos vivia-se precisamente o oposto: começavam os “loucos” ou “felizes” anos 20 do século XX, o mundo reerguia-se da destruição causada pela Primeira Guerra Mundial e assistia-se ao desenvolvimento de novas indústrias — automóvel, de aparelhos domésticos e mesmo o cinema ou a rádio —, especialmente em países como os Estados Unidos ou Inglaterra. É nesta altura que os hábitos e costumes se revolucionam e a mudança fervilha principalmente entre mulheres: elas perdem “as peias” e elevam a diversão e o prazer a objectivos de vida, escreve Júlia Leitão de Barros no livro Os night clubs: De Lisboa nos anos 20.

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Se 2020 nos obrigou a confinar em casa, impôs novas restrições e cuidados e nos deixou a ansiar pelo regresso à “normalidade”, há 100 anos vivia-se precisamente o oposto: começavam os “loucos” ou “felizes” anos 20 do século XX, o mundo reerguia-se da destruição causada pela Primeira Guerra Mundial e assistia-se ao desenvolvimento de novas indústrias — automóvel, de aparelhos domésticos e mesmo o cinema ou a rádio —, especialmente em países como os Estados Unidos ou Inglaterra. É nesta altura que os hábitos e costumes se revolucionam e a mudança fervilha principalmente entre mulheres: elas perdem “as peias” e elevam a diversão e o prazer a objectivos de vida, escreve Júlia Leitão de Barros no livro Os night clubs: De Lisboa nos anos 20.