Depois do coma, Jakobsen volta a vencer num grande palco
O português Rui Oliveira esteve na discussão do sprint final e terminou a etapa no 15.º lugar, à frente de Juan Molano, o sprinter que teoricamente deveria ter sido lançado por Oliveira.
Fabio Jakobsen (Deceuninck) venceu nesta terça-feira a etapa 4 da Volta a Espanha. O ciclista holandês foi o mais forte na chegada a Molina de Aragón, superando Arnaud Démare (FDJ) e Magnus Cort (Education First) num final ao sprint.
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Fabio Jakobsen (Deceuninck) venceu nesta terça-feira a etapa 4 da Volta a Espanha. O ciclista holandês foi o mais forte na chegada a Molina de Aragón, superando Arnaud Démare (FDJ) e Magnus Cort (Education First) num final ao sprint.
Jakobsen regressa aos grandes triunfos cerca de um ano depois de uma queda brutal na Volta a Polónia que o deixou em coma induzido e o obrigou a submeter-se a várias intervenções cirúrgicas. O holandês já tinha vencido na Volta à Valónia, na Bélgica, mas este é o regresso do sprinter ao sucesso em grandes palcos do ciclismo. “É um sonho tornado realidade. Percorri um caminho longo desde a queda”, apontou, após a etapa.
Este foi um dia sem perdas para o líder Rein Taaramae, que mantém a camisola vermelha após o dia em que pela primeira vez liderou uma Grande Volta. Foi, porém, um dia que poderia ter acabado mal para o ciclista estónio da Wanty.
Taaramae envolveu-se numa queda a cerca de dois quilómetros da meta, pelo que não foi prejudicado na classificação, por estar já dentro dos três mil metros finais, fase de “protecção” aos corredores envolvidos em incidentes.
O estónio mantém a liderança da prova, com 25 segundos de vantagem para Kenny Elissonde (Trek) e 30 para Primoz Roglic (Jumbo).
Etapa sem história
Depois de um final em alto, a Vuelta trouxe a primeira de duas etapas planas consecutivas, ainda que esta não fosse totalmente plana. O final tinha uma pequena elevação, não muito dura, desenhada para sprinters com maior capacidade na média-montanha ou mesmo puncheurs. Sprinters puros poderiam, portanto, passar dificuldades caso se registasse um ataque nos últimos quilómetros.
A fuga do dia foi um trio de ciclistas que cedo souberam que estavam condenados. Carlos Canal e Angel Madrazo, da Burgos, e Joan Bou, da Euskatel, chegaram a ter quatro minutos de vantagem, enquanto trabalhou a Wanty do camisola vermelha, Rein Taaramae. Mas a vantagem caiu vertiginosamente assim que as formações dos sprinters entraram ao serviço.
A diferença ficou em cerca de meio minuto durante vários quilómetros, com o pelotão a ter os fugitivos à vista, deixando-os a arder em “lume brando”. A opção tinha lógica: anulando a fuga a tantos quilómetros da meta, o pelotão teria uma corrida aberta e mais difícil de controlar.
Só já a cerca de 15 quilómetros do final o pelotão “engoliu” definitivamente a fuga e não permitiu mais aventureiros. No final, Arnaud Démare foi o primeiro a sprintar, mas a ligeira subida acabou por “esvaziar” o francês, que foi ultrapassado por Jakobsen já perto da meta.
O português Rui Oliveira esteve na discussão e terminou a etapa no 15.º lugar, à frente de Juan Molano, o sprinter que teoricamente deveria ter sido lançado por Oliveira. Os dois velocistas da Emirates acabaram por não se entender no meio do pelotão e o colombiano não conseguiu apanhar a tempo a roda do português.
O grande derrotado do dia acaba por ser o australiano Michael Matthews, que tinha nesta etapa um dia feito à sua medida – a pequena subida final encaixava nos predicados do corredor da Bike Exchange, que ficou apenas em quinto lugar.
Para esta quarta-feira está agendada mais uma etapa plana – provavelmente a mais plana desta Vuelta. Serão cerca de 185 quilómetros com meta em Albacete, no Sudeste espanhol.