PSD do Seixal vai apresentar queixas-crime contra deputado e vereador
Comentários do deputado socialista José Magalhães foram interpretados como “ameaças” e levaram sociais-democratas a requerer protecção policial ao seu candidato e a pedir ao PS que retire a confiança política ao seu parlamentar. PSD-Seixal também apresentou queixa contra eleito da CDU.
O PSD-Seixal vai apresentar queixas-crime contra o deputado socialista José Magalhães e o vereador comunista em Odivelas Rui Francisco por comentários no Facebook sobre uma “acção de marketing de guerrilha” no âmbito das autárquicas, anunciou nesta segunda-feira a candidatura social-democrata.
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O PSD-Seixal vai apresentar queixas-crime contra o deputado socialista José Magalhães e o vereador comunista em Odivelas Rui Francisco por comentários no Facebook sobre uma “acção de marketing de guerrilha” no âmbito das autárquicas, anunciou nesta segunda-feira a candidatura social-democrata.
Em causa está, segundo uma publicação na rede social pelo PSD do Seixal (distrito de Setúbal), uma iniciativa de pré-campanha para as eleições de 26 de Setembro para “concretizar propostas aprovadas em assembleia municipal que o executivo comunista nunca executou": durante a noite de domingo para segunda-feira, foi feita a “mudança do nome de cinco ruas que têm o nome repetido” no município, “tapando as antigas e colocando novas placas toponímicas”, com uma folha com a nova inscrição.
Num vídeo também divulgado pela concelhia na sua página, o cabeça de lista do partido no Seixal, Bruno Vasconcelos, “descerra” uma bandeira de Portugal, deixando à vista uma folha com a inscrição “Rua em Memória das Vítimas FP-25 de Abril”, que cobre a placa toponímica oficial da actual Rua Movimento das Forças Armadas.
Num vídeo contendo as mesmas imagens, mas com mais alguns segundos, divulgado esta segunda-feira de manhã à comunicação social, é possível ver depois o candidato a começar a descolar o papel da parede.
Segundo a nota, foram “alterados” ainda os nomes das ruas 1.º de Maio (para Rua 25 de Novembro), General Humberto Delgado (para Rua Major-General Jaime Neves), Luis de Camões (para Rua Manuel Maria Barbosa du Bocage) e Júlio Diniz (para Rua Pedro Eanes Lobato). “A mudança de nomes das ruas foi motivada porque causa grandes constrangimentos à nossa população e gera conflitos na recepção de encomendas, cartas e até em caso de emergência. Relembramos que o critério foi a selecção de ruas onde já exista outra igual na mesma freguesia”, é referido.
Num comunicado divulgado à comunicação social também nesta segunda-feira, com o título “PSD “limpa comunismo do Seixal” e muda o nome a ruas em acção revolucionária de “marketing” de guerrilha”, Bruno Vasconcelos afirmou que a acção simbólica visou “demonstrar que o Seixal já está a mudar e que os 45 anos de atraso e sufoco comunista estão finalmente prestes a acabar”.
“A liberdade está quase a chegar e o concelho, em Setembro, finalmente irá abrir-se à modernidade, ao empreendedorismo e à livre iniciativa privada”, referiu, citado na nota.
Comentando uma publicação no Facebook que dava conta de um excerto deste comunicado, o deputado socialista José Magalhães escreveu no Facebook “Uns cacetes terapêuticos não resolveriam o problema?”, uma frase que levou o PSD do Seixal, num novo comunicado, a pedir a sua demissão, e a afirmar que o cabeça de lista no concelho vai pedir “protecção policial” e apresentar uma queixa-crime, por considerar estarem em causa “ameaças”.
De acordo com o PSD, num outro comentário, que a agência Lusa não conseguiu localizar, o vereador comunista da Câmara Municipal de Odivelas (distrito de Lisboa) Rui Francisco, que é cabeça de lista à assembleia municipal, referiu: “devíamos ir atrás destes pulhas e dar-lhes no focinho” e “a solução é mesmo partir-lhes a tromba”, pelo que também será alvo de uma queixa-crime.
A Lusa tentou contactar o vereador, sem sucesso. A concelhia social-democrata apela à CDU para retirar a confiança política do candidato, “retratando-se e afastando-se prontamente destas atitudes antidemocráticas”, e exorta o PS a fazer o mesmo em relação a José Magalhães.
Bruno Vasconcelos, com quem a Lusa também não conseguiu falar directamente, considera no comunicado que “é inadmissível que em democracia se recorra à ameaça física para disputar eleições”.
Contactado pela Lusa, José Magalhães afirmou, numa resposta escrita, que “a terapia do cacete deve ser preventiva”. “Se os desordeiros, ao chegarem ao lugar onde querem violar a lei, encontrarem a autoridade pública de olhos abertos e cacete à cintura, atrevem-se? Quem diz cacete diz algemas. Quanto às queixinhas, sejam homenzinhos e tenham modos!”, escreveu, acrescentando que “putos medricas dão pena”.
A Câmara do Seixal, liderada pelo comunista Joaquim Santos, tem cinco elementos da CDU, quatro vereadores do PS, um do PSD e outro do BE.