Marta criou uma associação onde “És Tu a Dar” material escolar a países lusófonos
Com 17 anos, Marta criou uma associação juvenil solidária para entregar material escolar a países lusófonos. Até agora, a EstuDAr já recolheu mais de 11 mil donativos. O destinatário da próxima campanha é São Tomé e Príncipe.
A EstuDAR nasceu das mãos de Marta Pais de Almeida, uma jovem de 17 anos, natural de Cascais. Através de doações, a associação envia material escolar, como canetas, borrachas ou cadernos, a países lusófonos – e já conseguiu recolher mais de 11 mil produtos.
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A EstuDAR nasceu das mãos de Marta Pais de Almeida, uma jovem de 17 anos, natural de Cascais. Através de doações, a associação envia material escolar, como canetas, borrachas ou cadernos, a países lusófonos – e já conseguiu recolher mais de 11 mil produtos.
“Queremos ver o impacto que esta caneta está a causar no outro lado do mundo”, comenta ao P3 a ideóloga da EstuDAR (como quem diz “És Tu a Dar”). Moçambique tem sido o destino principal das doações, mas em breve chegará a vez de São Tomé e Príncipe, o destinatário da campanha mais recente: a partir de Setembro, voluntários da associação vão estar no Pingo Doce da Amoreira para recolher material escolar para o próximo ano lectivo – para fazer parte da equipa, basta preencher o inquérito no site da associação.
A associação recolhe itens em bom estado ou novos: “É muito à base do material de escrita, como mochilas, cadernos e borrachas”, enumera a fundadora. Aceitam quase tudo menos livros escolares, porque muitos não são compatíveis com os manuais usados nas escolas dos países destinatários. A quantidade de material recolhido varia conforme a campanha em vigor, mas, no total, já receberam mais de 11 mil produtos. “Não estamos só a distribuir sorrisos, no fundo também estamos a ganhar um sorriso”, afirma Marta.
Depois da angariação, segue-se o processo de entrega. Juntamente com um amigo, Marta entrou em contacto com a Helpo para “tentar perceber se era realista” esta associação entregar o material escolar por eles. “Tem de haver alguém, na sede portuguesa, que se encarregue de fazer o transporte e alguém, na sede do país destinatário, que receba e entregue às escolas”, menciona a jovem. No caso da mais recente campanha são os voluntários da própria EstuDAR que vão levar o material do aeroporto para o local.
Um projecto “para o resto da vida”
Desde os nove anos que Marta, de alguma forma, alimenta esta ideia: “Em 2013, fui a Moçambique, no 50.º aniversário do meu pai, e visitámos uma escola; lembro-me de levar alguns materiais e de ficar muito impressionada com uma rapariga em específico que tinha um sorriso rasgado após as nossas doações”, recorda.
Contudo, foi em Janeiro de 2019 que a jovem deu o primeiro passo – a criação da EstuDAR. Estava no seu quarto a escolher canetas e começou a ouvir as notícias sobre os ciclones que destruíam a cidade da Beira, em Moçambique. Houve “um clique”. “Reparei que tinha três canetas iguais e que nunca lhes iria dar bom uso”, conta. Decidiu erguer uma associação e dar a quem precisa.
Se os pais a avisaram para “ter cuidado”, pois podia não ser uma ideia “realista”, os “amigos ficaram muito entusiasmados”, diz Marta. “Graças a eles, abrimos uma equipa de voluntários.” São também os amigos que a costumam chamar “mini adulta” porque, às vezes, é a adolescente quem lida com a parte logística da associação, ocupando-se da gestão e do IRS.
A EstuDAR foi formalizada em Janeiro de 2020. Contudo, criar uma iniciativa solidária em plena pandemia trouxe algumas dificuldades, como a adaptação ao contexto virtual. “Sempre zelamos pelo contacto físico, (...) mostrar o impacto que o material cria no outro lado”, explica. Num ano normal, os bens poderiam ser recolhidos em escolas, igrejas e eventos, mas, devido ao confinamento, decidiram criar um sistema de vales. Para além disto, a associação também aceita donativos feitos através de transferências bancárias e MBway.
Marta estudou Artes no Colégio Amor de Deus, em Cascais, e, em Setembro, espera entrar em Direito na Universidade Nova de Lisboa – herdou o bichinho pela área do pai, que é advogado. No futuro, espera levar este projecto “para o resto da vida”. “O ideal seria mesmo conseguir aproveitar a carreira profissional para contribuir na associação.”
Texto editado por Amanda Ribeiro
Actualização: os donativos são entregues a países em que o português é uma das línguas oficiais e não apenas aos PALOP