China, Rússia e Irão vêem novo Afeganistão como uma oportunidade
Embaixador russo vai encontrar-se esta terça-feira com um representante dos taliban em Cabul.
“Pedimos a todos os países e entidades que se sentem connosco e resolvam quaisquer questões”, disse numa entrevista à Al-Jazeera o principal porta-voz do taliban, Mohammad Naeem. Irão, China e Rússia são três dos países que parecem mais interessados em aceitar o convite.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
“Pedimos a todos os países e entidades que se sentem connosco e resolvam quaisquer questões”, disse numa entrevista à Al-Jazeera o principal porta-voz do taliban, Mohammad Naeem. Irão, China e Rússia são três dos países que parecem mais interessados em aceitar o convite.
Todos mantêm as embaixadas a funcionar em Cabul e o embaixador russo, Dmitri Zhirnov, vai reunir-se com um representante taliban já esta terça-feira. Moscovo já “estabeleceu contactos de trabalho com as novas autoridades” e garante que os taliban começaram a “restaurar a ordem pública”. Numa sessão especial do Conselho de Segurança, o embaixador russo na ONU, Vassely Nebenzia, disse que “não vale a pena entrar em pânico”.
Tal como a Rússia, que recebeu uma delegação taliban em Moscovo em Julho, também a China estabelecera laços com o grupo antes da sua vitória militar. E aquilo que antes era sugerido por responsáveis sob anonimato – a disponibilidade de Pequim para colaborar com os taliban na reconstrução – é agora assumido. “Os taliban tem expressado a expectativa de desenvolver boas relações com a China e de ver a China a participar na reconstrução e desenvolvimento do Afeganistão… nós apreciamos essa vontade”, faz saber o MNE chinês. “A China respeita a vontade e a escolha do povo afegão”, acrescentou.
Já o novo Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, diz que o “fracasso militar” dos EUA oferece “uma oportunidade para restaurar a vida, a segurança e uma paz duradoura no Afeganistão”. Raisi encarregou o diplomata Mohammad Javad Zarif de o manter informado sobre os desenvolvimentos – ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Hassan Rohani, Zarif acompanhou de perto a situação afegã durante muitos anos. Teerão anunciou entretanto que está a construir abrigos para os afegãos que chegam à fronteira em três províncias do Leste.